terça-feira, 29 de outubro de 2013

Opinando por aí: Berg e Blatter

Há muito que não opinava nada por aqui e hoje apetece-me. Vamos lá então.

Comecemos por Berg. Excelente cantor, grande interpretação no Factor X . Mas das duas uma: ou aquilo é batota ou então eu não percebi ainda bem as regras do jogo (o que é provável). Vejamos: se aquilo é um programa para supostos novos talentos que têm ali uma oportunidade para chegar ao mundo da música profissional, então aquilo é batota. Berg é músico profissional, já interpretou o genérico da primeira série de Morangos Com Açucar e tem uma vida profissional cheia de colaborações com uma série de artistas portugueses, tal e qual o próprio referiu no domingo. No fundo, Berg vive da música. Se, pelo o contrário, o Factor X tem um conceito diferente daquele que penso que tem, então qualquer um, profissional ou não, poderá entrar lá e ganhar o programa. Se assim é, sugiro que todos os artistas que tenham as carreiras em momentos de menor fulgor ou com necessidade de ganhar umas coroas (e deve haver imensos por aí), inscrevam-se no Factor X, pois têm ali uma excelente oportunidade para dar uma volta de 180º à sua vida.

Agora vou opinar sobre o parvo de Blatter. Antes de mais um ponto prévio: para mim, Ronaldo é, provavelmente, o melhor jogador português de todos os tempos (não vi Eusébio jogar) e é um dos melhores jogadores da história do futebol mundial. Como profissional, admiro o seu trabalho e o que lutou e luta para se manter no topo. Nesse aspecto, é um exemplo enorme para este país. Tirando isso, a personagem em si, diz-me pouco ou nada. Nunca lhe achei piada e sempre o achei um mimado. A opinião mantém-se. Além disso, também acho Messi o melhor jogador do mundo e, para mim, só falta ao argentino chegar ao "patamar Maradona", para chegar ao topo dos deuses da bola (e isto, ao contrário do que muitos pensam, inclusivê o próprio Ronaldo, não retira em nada, o mérito ao jogador português). Portanto, se chegaram até aqui e acham que o meu patriotismo é menor que o vosso por ter esta opinião, podem arrumar a trouxa e ir ler outro blog tão ou mais desinteressante que este (não é fácil...).

Blatter é parvo. E não é de agora. É mesmo parvo. Tem pinta de mafioso e representa muito daquilo que o futebol moderno tem de errado. Blatter foi muito infeliz com Ronaldo e, repito, foi tão parvo e estúpido que até dá dó. Não sei se estaria bêbado ou se já não tem noção do ridículo, mas alguém que é presidente da FIFA, não pode fazer declarações daquelas, figuras daquelas ou até mesmo demonstrar preferências sobre uma votação que vai decorrer. Aliás, com tudo isto, deu mais uma oportunidade de ouro a Ronaldo, para vir com a conversa do costume, que o Messi é beneficiado, que o Barcelona é o clube preferido, que ninguém gosta dos portugueses e sugerindo até, que o Real Madrid é também ele um alvo a abater (estranho, há não muito tempo, ouvia dizer aos sete ventos, que o Real Madrid era o clube do poder, dos poderosos, da FIFA, da UEFA, etc... A vida dá voltas...). No fundo a parvoíce de Blatter é tão grande, que até serve a outros para alimentarem as suas.


segunda-feira, 29 de julho de 2013

O fim da Feromona e de algo mais

Ontem, quando na parte final da celebração (sim, aquilo não foi bem um concerto...), Manuel Fúria disse que o final da Feromona, representava muito mais do que um fim de uma banda, falei para os meus botões que afinal não era só eu a ter esta sensação. Esta sensação, surgiu primeiro aquando do fim d'Os Golpes. Quando tomei conhecimento do fim da Feromona, foi como se fosse a confirmação de que uma era na história do rock n' roll cá do burgo, estaria a terminar. Uma era de pujança de duas editoras ( Amor Fúria e Flor Caveira), que nos trouxeram uma panóplia de gente nova, com respeito pelo passado, mas com vontade de dar futuro ao nosso rock e que trouxeram uma alma nova e renovada à música portuguesa. Óbvio que alguns ainda sobrevivem (Capitães da Areia, Os Pontos Negros, Samuel Úria, Manuel Fúria, entre outros), sendo certo e provável que alguns destes se mantenham e subam, definitivamente, à primeira divisão do nosso panorama musical. Contudo, o fim d'Os Golpes e agora da Feromona, é como se denunciasse o fim de um determinado espírito que invadiu Lisboa nos últimos anos e que me permitiu ver e participar no crescimento de muitas destas bandas.

Sobre ontem, também eu fui contra aquilo que se passou ali. Contudo, a Feromona ficará para sempre no cantinho do meu coração dedicado ao rock n' roll. Conheci-os em 2010. E nesse ano, foram o Porto, o Gerês, o rio Douro e o rio Homem. O recomeçar e a confirmação do fim.  Acima de tudo, o definitivo e feliz "partir para outra". Acompanhei-os desde aí, tentando conhecer a Feromona "pré-2010" e mantendo-me actualizado com a Feromona pós esse ano. Ontem foi a sua última vez e um agradecimento sentido é a única coisa que me resta.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

A inesperada lucidez

"Na minha opinião, mesmo sabendo que do ponto de vista dos nossos partidos e das personagens que por lá gravitam, isto é quase impossível de ser posto em prática, o melhor para o país, neste momento e num período de transição até eleições, seria um governo de iniciativa presidencial. José Gomes Ferreira, já referiu hoje alguns possíveis nomes. Rui Rio, António Costa, Paulo Macedo, foram os mencionados. Certamente, que existem outros. Mas o país não pode parar e eu gostava que isto não ficasse igual à Grécia. Ficaria com uma boa impressão de Cavaco, se este tivesse a coragem de o propor, mesmo sabendo que a sua popularidade desceria ainda mais e mesmo que as hipóteses da ideia vingar serem mais do que remotas. Haja alguém com discernimento e responsabilidade."

Na semana passada, após a demissão de Gaspar e de Portas, escrevi, neste mesmo espaço, o que acima está transcrito. O que ontem foi sugerido por Cavaco, não é um governo de iniciativa presidencial (de todo), mas é algo que vai de encontro ao que escrevi, no sentido do consenso e da responsabilização de todos perante o cenário que enfrentamos. Nomeadamente, daqueles que assinaram o memorando e que têm a responsabilidade de o cumprir e de dar a cara por ele.

Há muito tempo que não concordava com o nosso Presidente da República. Ontem concordei e além disso, achei que a sua atitude revela um sentido de Estado e uma coragem, que eu há muito não via na política portuguesa. Cavaco surpreendeu tudo e todos e fez aquilo que está correcto e que é necessário numa situação de emergência como aquela que vivemos. Mesmo sabendo que voltaria a ser criticado e mesmo sabendo que a ideia, apesar de correcta, é de difícil concretização, não hesitou em fazer aquilo que está certo e aquilo que na óptica do nosso Presidente, o país precisa. "Teve-os no sítio" e isso, nos dias que correm e, nomeadamente, com os políticos com que hoje somos "prendados", é algo digno e merecedor de elogio.

Com dirigentes políticos decentes e num país onde a opinião pública não fosse envenenada com gente que comenta com segundas intenções, a proposta do Presidente da República, seria aceite normalmente. E Cavaco ontem explicou e bem porquê. Está tudo na comunicação do Presidente. Só não vê ou ouve quem não quer. Como cidadão, só espero que os nossos dirigentes políticos e os nossos partidos, sejam responsáveis e esqueçam, mais não seja, por um simples ano, os seus interesses e os interesses daqueles que gravitam à sua volta (os "macabros aparelhos"). E em relação a Cavaco, foi bom saber que ainda tenho um Presidente da República.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Os coveiros da Pátria

Há quem esteja extremamente feliz com esta crise no governo. Até mesmo alguns que se dizem preocupados, estão contentes. O poder é uma guloseima potente e há sempre quem não lhe consiga resistir. Neste grupo dos "contentes", há gente que pouco informada ou iludida, pensa que tudo vai mudar com umas simples eleições. Depois existem aqueles, com mais responsabilidade, bem informados, alguns deles que sabem bem em que estado está o país (e em que estado vai ficar...) que, simplesmente, por meros interesses sectoriais, lobbys e clientelismo partidário ( o "guloso" aparelho do PS rejubila de novo), estão felicíssimos com tudo isto, como se um fracasso de um governo, não correspondesse a um fracasso do país. Este segundo grupo dos "contentes", é claramente o mais perigoso e o que não pretende o bem do seu país, mas, simplesmente, o seu bem pessoal e daqueles que com eles partilham sindicatos, partidos e outros lobbys obscuros que têm minado o nosso Estado e a democracia do mesmo.

E se pensavam que pelo que escrevi no parágrafo anterior iria excluir aqueles que, supostamente, estão "tristes", desenganem-se. É tudo igual. Os da oposição e os do governo. Tudo gente irresponsável, que põe interesses partidários à frente dos do país. Tudo gente que prefere o conflito com "segundas intenções", a um consenso que faça isto avançar e melhorar. O que aconteceu nos últimos dois dias, só vem comprovar isto. Mas poderíamos recuar no tempo e dar mais exemplos. Se for verdade que Passos Coelho não informou e discutiu com o seu parceiro de coligação o nome do substituto do Ministro das Finanças, é grave, ridículo e desleal. Contudo, para mim, sempre foi certo que Paulo Portas, com o aproximar de momentos eleitorais, iria roer a corda. Confirmou-se. A comunicação de Passos Coelho de ontem, não foi mais do que passar para Paulo Portas e para o CDS, o ónus desta crise no governo e do fim da coligação. Como se o fracasso da mesma, não passasse, igualmente, pelo comportamento de Passos Coelho. Como se isso fosse o mais importante para o país agora. Como se o tacticismo partidário fosse mais relevante que o futuro do país. Já o escrevi aqui e repito: desde os tempos em que o hediondo Sócrates chegou ao poder, estamos, mais do que nunca, entregues à bicharada e a um bando de irresponsáveis.

Na minha opinião, mesmo sabendo que do ponto de vista dos nossos partidos e das personagens que por lá gravitam, isto é quase impossível de ser posto em prática, o melhor para o país, neste momento e num período de transição até eleições, seria um governo de iniciativa presidencial. José Gomes Ferreira, já referiu hoje alguns possíveis nomes. Rui Rio, António Costa, Paulo Macedo, foram os mencionados. Certamente, que existem outros. Mas o país não pode parar e eu gostava que isto não ficasse igual à Grécia. Ficaria com uma boa impressão de Cavaco, se este tivesse a coragem de o propor, mesmo sabendo que a sua popularidade desceria ainda mais e mesmo que as hipóteses da ideia vingar serem mais do que remotas. Haja alguém com discernimento e responsabilidade. Só um bocadinho... E acreditem, o maior problema do país, são os actuais aparelhos partidários e a forma como os mesmos funcionam. É o princípio de tudo. Os "tristes" e os "contentes" são os coveiros da Pátria.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Psicanálise com os Muse

Juro que nem sequer ia a pensar no assunto. O dia tinha sido bem passado e preenchido e eu estou de férias de bola. Contudo, quando saí da estação de metro (ou do andante) e comecei a ver as paredes do estádio, algo se alterou. De repente, só via "Kelvins" à minha frente a rematarem cruzado e "Artures" completamente batidos e desesperados a verem a bola entrar. A cada passo que dava, mais a imagem se repetia na minha cabeça. Coincidência ou não, o palco estava situado, precisamente, no lado onde Artur sofreu o golo e a porta por onde entrei, dava acesso à bancada onde os adeptos adversários do Porto costumam ser colocados. Ao descer aquela bancada para aceder ao relvado e com a imagem de Kelvin a festejar, continuamente, a surgir na minha cabeça, consegui olhar ao meu redor e imaginar aqueles milhares de benfiquistas que estariam naquela bancada, incrédulos, cabisbaixos, agarrados à cabeça e de lágrimas a escorrer pela cara. E o Kelvin continuava a rematar e a festejar... Outra coincidência, foi a dos meus amigos e namorada se terem encaminhado, precisamente, para perto do local onde o rapazinho brasileiro fez o golo da vida dele. Enquanto a imagem se repetia e repetia, quase que tive tentado a correr em direcção do brasileiro e pregar-lhe uma rasteira ou fazer uma daquelas faltas feias em "carrinho". Mas depressa percebi que no meu lugar estava Roderick e que eu já nada poderia fazer.

Quando entraram os We Are The Ocean, tentei abstrair-me do meu pesadelo. Em vão... A banda é competente, é um facto. Mas é mais do mesmo. Não digo que um dia não possam chegar à RFM ou à Comercial, mas não trarão nada de novo ou, pelo menos, algo que a mim me possa interessar por aí além. E o Kelvin continuava a marcar e o Artur, completamente batido, continuava a contemplar a bola a entrar e o campeonato a fugir...

Depois vieram os Muse. Um fantástico concerto. Musicalmente perfeito, um som fenomenal e uma produção visual brutal. Sou insuspeito de o dizer, porque nem sequer sou um fã incondicional da banda e, provavelmente, se não fossem as influências de terceiros, nem sequer tinha ido ao espectáculo. Os Muse não sendo uma banda que, musicalmente, me encha as medidas, têm personalidade (mesmo com todas as referências óbvias, que os mesmos não fazem a mínima questão de esconder), originalidade e têm provavelmente o maior "performer" do rock actual, Matt Bellamy (à parte, o infeliz momento em que, por segundos, esteve com um cachecol da equipa do Kelvin ao pescoço). Se juntarmos a isto tudo, uma produção de estádio fantástica, que não se limita a ser uma produção para "encher chouriços", mas que, para além da grandeza, consegue ser pertinente e verdadeiramente original, temos todos os condimentos reunidos para que os britânicos sejam, no presente, os líderes da Liga dos Campeões do pop-rock mundial.

Os Muse conseguiram que o Kelvin aparecesse menos vezes à minha frente e isso, por si só, já merece um obrigado. Foi como se tivessem ao meu lado, a ajudar-me a enfrentar os meus piores pesadelos. E uma sessão de psicanálise com os Muse a tocar, é um luxo que poucos conseguem ter.

P.S.: O Estádio do Dragão, é o segundo estádio mais bonito do país.

P.S.2: A dada altura, até uma bandeira do Vitória de Guimarães tinha que aparecer...

domingo, 26 de maio de 2013

A diferença entre orgulho e vergonha

Em Amesterdão, perdi mas tive um grande orgulho na minha equipa. Hoje, também perdi, mas do orgulho passei à vergonha.

O Benfica perdeu bem. E perdeu bem, porque não teve atitude. Foi um equipa miserável, de "primas-donas", que não respeitaram aqueles que nos últimos dias deram o que tinham e, alguns, o que não tinham, para estarem com eles e apoiá-los, nem que para isso fosse necessário ir ao fim do mundo. Ninguém lhes pede que ganhem sempre ou que ganhem o que quer que seja. Só pedimos e exigimos atitude e essa hoje não existiu. Foram pouco dignos da camisola que vestem e dos adeptos que, repito, abdicaram de tudo e mais alguma coisa para os apoiar.

E, confirma-se, a época foi um fracasso. No meu clube, não há vitórias morais, nem desculpas. Existem vitórias e derrotas. Glória ou fracasso. Este ano, mais um vez, foi um fracasso. Não será hoje, certamente, o melhor dia para analisar convenientemente o que quer seja, pois a emoção está claramente a sobrepor-se à razão. Em relação ao treinador, não esqueço o que sempre disse e escrevi em relação a Jorge Jesus. É competente, sabe de bola como poucos e não vejo que seja facilmente substituível (apesar de também considerar que não existem insubstituíveis e que o Benfica está acima de quem quer seja). A questão que apraz analisar para quem está de fora, são os sinais internos que são deitados cá para fora, nomeadamente, nos últimos dias. No final do jogo com o Chelsea, foi Enzo e hoje foi Cardozo (já lá vou...) a colocarem em causa, claramente, a liderança do treinador. Se a isto juntarmos a impaciência total de uma parte significativa dos sócios, talvez tenha que admitir que as condições para Jesus continuar, sejam, no mínimo, discutíveis. Isto deve ser analisado friamente e sem medos. Muito menos, o medo de Jorge Jesus ir para o Porto, pois esse é um argumento que não é, minimamente, aceitável. Se tiver que ir, que vá.

Agora, Cardozo. Como jogador, sou dos que mais o defendo. Acho-o um jogador preponderante pelos golos que marca e ainda mais pela importância que tem na forma de jogar do Benfica. Acho que há um Benfica com ele em campo e outro sem ele. Contudo, não sendo rancoroso, não me esqueço do mal que me fazem. Ele já me mandou calar uma vez. Eu que lhe pago o ordenado e que o apoio faça chuva ou faça sol, sem nada em troca. Hoje envergonhou-me novamente. O que ele fez ao treinador do Benfica, por mais razões que ele possa ter, não é aceitável. Se eu agredir um chefe meu, sou despedido e com justa causa. Mesmo que alegue que tive um dia mau. Além disso, portou-se mal com um colega de equipa e revelou uma falta de companheirismo e solidariedade gritantes. Portanto, se no Benfica existe uma estrutura (seja lá o que isso for), talvez esteja na altura de explicar as regras do jogo ao paraguaio e perguntar-lhe quem está cima de quem. Se o Benfica, se ele.

Por último, nós adeptos. Se dependesse do nosso comportamento, tínhamos ganho o campeonato com vinte pontos de avanço, ganho ao Chelsea por 10-0 e hoje tínhamos levantado a vigésima quinta. É um orgulho partilhar bancadas, alegrias e tristezas convosco (nomeadamente, contigo Hélder, contigo Tiago e contigo Zé). Somos muitos e somos enormes. Nós é que somos o Benfica e nós é que somos do Benfica. Nada, nem ninguém mais.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Orgulho de todos nós

Não me vou alongar muito sobre o que aconteceu na quarta-feira. Se no sábado sofri um dos maiores abalos que a minha vida de benfiquista já havia sofrido até então, na quarta-feira sofri, certamente, o maior. Falar disso e explicá-lo, já alguns o fizeram e de uma forma muito mais talentosa do que aquela que eu poderia fazer.

Mas como fiz aqui um pedido antes do jogo, só gostava que ficasse claro, que aqueles a quem eu fiz esse mesmo pedido, cumpriram com tudo. De uma forma brilhante e até maior do que as minhas expectativas poderiam imaginar. Não se fez história, é um facto. Não precisamos de vitórias morais. Mas uma coisa é certa: o meu orgulho naquela equipa, naquele treinador e nos adeptos que estavam naquele estádio e, já agora, nos que por cá ficaram e que desejavam tanto lá estar quanto eu, é enorme.

Domingo, lá estaremos.


terça-feira, 14 de maio de 2013

Luta, ambição e dignidade. Nada mais vos peço.


Confesso que no sábado, sofri um dos maiores abalos que a minha vida de benfiquista alguma vez sofreu. Foi duro, horrível e doloroso. Foi uma noite mal dormida e um dia seguinte em que para onde quer que me virasse, só via a bola saída do remate de Kelvin a entrar pela baliza de Artur. Perder é sempre mau. Perder um jogo decisivo, é muito mau. Perder daquela forma, é um massacre. O jogo só acaba quando o árbitro apita e também já ganhei e perdi alguns jogos em circunstâncias semelhantes. Mas ali doeu mais do que alguma vez tinha doído.

É verdade que não foi ali que o Benfica perdeu o campeonato. E admito que não estava muito optimista para sábado, tal como escrevi aqui antes do jogo. Contudo, durante o jogo a confiança cresceu. O Benfica conseguiu suster a suposta e previsível pressão que o Porto iria fazer e nunca durante o jogo foi massacrado. Nunca! É fácil agora falar que o Benfica deveria ter sido mais ambicioso, que devia ter jogado mais ao ataque, etc. Mas com a equipa no estado físico em que está, seria prudente? Não seria o Porto que teria que ter essa iniciativa? Sinceramente, não culpo Jesus e a estratégia que montou para o jogo. Fez o que lhe competia e se não fosse aquela bola ter entrado, teriamos tido desde sábado, odes à competência de Jesus. Se não tivessemos marcado um golo na própria baliza e se algum jogador tivesse conseguido afastar a bola ou, simplesmente, feito uma falta num jogador do Porto aos noventa e dois minutos e, mais uma vez, Jesus seria o herói da táctica em Portugal. Infelizmente, assim não foi e por mais gasta que seja a frase, é assim o futebol.

Agora, temos outro jogo. Jogo que pode ser histórico. Será a segunda final europeia que verei o Benfica jogar. A final com Anderlecht foi uns meses antes de eu nascer. A final com o PSV, não tenho qualquer tipo de memória da mesma. A final com o Milan, foi a primeira que vi e da qual tenho memórias. O Chelsea é favorito. Têm melhor equipa, mais soluções e fisicamente são muito fortes. Aliás, acho este Chelsea bem mais forte do que aquele que defrontámos e foi campeão europeu o ano passado (repito, o mais rídiculo campeão europeu que já se viu). E quando o defrontámos na Champions, estava bem mais confiante do que estou para amanhã (e a eliminatória demonstrou, claramente, que o Benfica não era inferior). Mas acho também que o Benfica tem as suas hipóteses e é por elas que os jogadores devem lutar até ao fim.

Para mim é claro, que aconteça o que acontecer, nada apagará a forma como o Benfica perdeu este campeonato, que sempre achei que deveria ser o principal objectivo do meu clube para esta época. Mas amanhã há outro grande jogo e um jogo onde exijo que a motivação e a ambição dos nossos jogadores seja total. Jogar uma final europeia, é o sonho de qualquer puto que joga à bola na rua com os amigos e chegando lá, só há que desfrutar o momento e, acima de tudo, tentar ganhá-la. Não há lugar para medos ou estados de alma. Ficar na história, é oportunidade que poucos têm. Lutem por vocês e lutem por nós, que estamos convosco até ao fim. Acima de tudo, lutem pela camisola que vestem. A mais amada de Portugal. Boa sorte.

 

terça-feira, 7 de maio de 2013

Nem 80, nem 8

Não é para me armar em bruxo, até porque falar depois é fácil. Mas sempre disse que este jogo com o Estoril ia ser complicado (tenho testemunhas). Todos falavam do Marítimo, do Sporting e eu acrescentava sempre o Estoril. Não só pelo campeonato que têm feito, mas também pelo momento em que o jogo ia acontecer (depois da meia-final com os turcos). Infelizmente, não me enganei... Claro que se me perguntarem se não estava confiante para o jogo de ontem, eu responderia, obviamente, que estava. Mas nunca achei que fosse fácil. Confirmou-se.

Primeiro, porque o Estoril joga realmente à bola e é uma equipa bem orientada , que sabe o que está a fazer dentro de campo. Depois a equipa do Benfica, num jogo onde até entrou bem, está mais do que cansada. Penoso, foi o adjectivo que me veio à cabeça ao ver o estado em que alguns jogadores do Benfica abordaram a parte final deste jogo. A juntar a tudo isto, o jogo de ontem é daqueles onde a Lei de Murphy faz todo o sentido. Quando se juntam lesões, expulsões ridículas e "frangos" a tudo o que eu referi em cima, é de facto difícil ganhar o jogo.

Tenho defendido a rotatividade que Jesus e bem, tem promovido no plantel ao longo dos jogos dos últimos meses. Não dá para tudo e um plantel que quer ganhar títulos, não pode jogar sempre com os mesmos. E, diga-se, a coisa até tem corrido bem. Com essa rotatividade, os resultados e os objectivos têm vindo a ser cumpridos. Por isto mesmo, não entendi bem porque é que o treinador não mudou dois ou três jogadores, em relação ao jogo de quinta-feira. Porque não Jardel, no lugar de um dos centrais? Porque não Rodrigo de início, no lugar de um dos avançados? Porque não Ola John, no lugar de um dos extremos? Depois, as substituições que foram feitas e aquela que não aconteceu, também me merecem reparos. Se a entrada de Carlos Martins para o lugar de Enzo, parece-me lógica (independentemente da estupidez da expulsão de Carlos Martins, onde mais uma vez demonstrou que o seu cérebro sofre de paragens graves), a entrada de Rodrigo para extremo-esquerdo já não me parece lógica. Se é para colocar um extremo e se temos Ola John no banco, não será mais lógico que seja este a entrar? Parece-me óbvia a resposta. E depois ainda temos uma substituição que não foi utilizada. Ora, se a equipa está claramente cansada, ainda por cima, reduzida a dez, não seria prudente colocar mais um jogador e refrescar a equipa? E jogadores com vontade de sair por cansaço, não faltavam...

Posto isto, nada está perdido. Se me perguntam se estou muito confiante para o Dragão, respondo que não estou. Mas de modo algum, sinto que o Benfica esteja já derrotado. O maior receio que tenho, é mesmo o estado fisíco da equipa e o meu maior lamento, é não podermos ir lá com a tranquilidade necessária para gerir também o jogo com o Chelsea. Mas é a vida. Ninguém disse que isto era fácil e o Benfica continua na frente do campeonato, na final da Liga Europa e na final de Taça. Estamos na semana do tudo ou nada e a ver vamos no que dá. A minha única certeza, é que eu e mais uns milhões estaremos sempre com a equipa. Haja alguém que durante a semana e antes de entrarem no estádio das bolas de golfe e das galinhas em campo, os relembre disto.

Ah e para que não fiquem dúvidas, apesar das críticas que fiz neste texto, não hesito em repetir que, por mim, Jesus ficava.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Por mim, ele fica

Há coisas que devem ser ditas e assumidas antes das decisões. Depois de tudo estar feito e decidido, é fácil falar e mandar "bitaites".

Portanto, a duas horas de uma meia-final da Liga Europa, antes das três últimas jornadas de um campeonato que ainda não está ganho e a dias de jogarmos a final da Taça de Portugal, digo-o, sem dúvida alguma, que se dependesse de mim, Jorge Jesus continuaria a ser o treinador do Benfica.

Agora, deixem-me sonhar.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Bicharada

De um lado temos um governo que consegue fazer dois orçamentos inconstitucionais, que falha constantemente todas as previsões e que utiliza o chumbo do Tribunal Constitucional para se desculpar daquilo que já estava torto há muito tempo.

Do outro lado temos um líder partidário refém do seu antecessor, que está mais preocupado em fazer um discurso para consumo interno do aparelho do partido do que em ajudar a resolver os problemas do país e em que todo o seu sentido de Estado se revela, quando o mesmo afirma que "quem criou o problema que o resolva".

Definitivamente, entregues aos bichos.

sábado, 23 de março de 2013

O incendiário que opina sobre o ataque ao incêndio

Antes de mais e para que não restem dúvidas, José Sócrates, a par de Miguel Relvas, são, provavelmente, as personagens políticas que mais asco me provocam. Considero-os um belo retrato de uma certa geração de políticos profissionais, provenientes dos aparelhos partidários, com pouca ou nenhuma vontade de servir a causa publica e que, acima de tudo, se preocupam em manter o seu futuro garantido e, ao mesmo tempo, daqueles que constituem o núcleo dos respectivos partidos a que pertencem. O objectivo, mais do que qualquer outro, é o poder.

Portanto, se há personagens que eu gostaria de ver caladas e longe da vida pública e política, seriam estes dois seres e outros como eles (sim, há muitos mais). Contudo, prezo muito a democracia e a liberdade de expressão e sei que tendo em conta o princípio fundamental desta última, nem sempre podemos ouvir só aqueles que nos agradam e aqueles que consideramos os bons. E entre não ouvi-los ou ter uma democracia onde todos podem emitir a sua opinião livremente, eu prefiro claramente a última opção.

Faço questão de falar em liberdade de expressão, porque foi o principal argumento utilizado por aqueles que rejubilaram ou, simplesmente, não se incomodaram com o regresso de José Sócrates ao comentário televisivo e, acima de tudo, à vida política activa, pois é disso que se trata. Aliás, estou a faltar a verdade. Ele sempre esteve presente, Que o diga António José Seguro... Mas voltando à liberdade de expressão e tendo sido este argumento o mais utilizado por aqueles que ficaram incomodados com a indignação que se gerou com o regresso de Sócrates, parece-me a mim que este argumento não colhe e não faz sentido algum neste caso em particular. Primeiro que tudo, até mesmo Sócrates tem todo o direito de comentar o que lhe apetecer. É um facto. Mas sendo José Sócrates quem é e quem foi, certamente não precisa de ir para a RTP para comentar o que quer que seja. Tem imensos canais e meios à sua disposição e certamente que as suas palavras teriam um imenso eco no nosso pequenino espaço público. Portanto, o senhor que fale, que comente, que se defenda como bem entender. Emita comunicados, escreva no Facebook ou no Twitter ou até convoque conferências de imprensa. Mesmo que eu, como muito outros, não gostemos, ele tem todo o direito de o fazer.

A questão passa, acima de tudo e em primeiro lugar, pela "lata" do senhor. Alguém que é um dos principais responsáveis (não só ele, é certo) pelo estado a que o país chegou, que meses antes de pedir ajuda à Troika andava a falar em TGV's e aeroportos e que deixou o país falido, venha agora comentar as acções daqueles que o substituíram e que mal ou bem (muitas vezes, mal, também é um facto), tentam remediar o estado a que o Estado chegou. Tem tanto de irónico, como de ridículo e acima de tudo, se dúvidas houvessem, atestam bem da personalidade da personagem em questão.

A outra questão é ter sido a RTP a convidar o senhor para comentar. Pelos motivos que acima escrevi, a televisão pública, convidar o anterior primeiro-ministro para comentar a acção do actual, depois de ter sido o anterior primeiro-ministro a deixar o país no estado em que está, é, no mínimo, estranho. Será ético? Terá o senhor moral? Que terá audiências, eu não tenho dúvidas. Mas uma televisão de serviço público (que eu defendo), não deveria reger-se também por outros critérios? A funcionar deste modo, qual é a diferença para qualquer estação privada? Não terá a RTP, como televisão pública que é, assegurando sempre o devido e obrigatório contraditório, pensar em quem terá a mínima moral e ética para o fazer? Qual é o próximo passo? Pôr o Isaltino Morais, a comentar decisões judiciais? Ou preferem a Fátima Felgueiras? Vão colocar Vale e Azevedo como comentador benfiquista residente, num painel de comentário desportivo? Todas estas opções do ponto de vista do share televisivo, poderiam ser opções bastante válidas...

Houve quem referisse que o regresso de Sócrates, visa a defesa do próprio das acusações que têm sido feitas a ele e à sua governação. Mas ele regressa para comentar ou para se defender? É que são conceitos diferentes. Uma coisa é comentar e dar uma opinião, outra é defender-se de acusações que o visado considere injuriosas. Um comentador não está lá para defender-se, mas sim para comentar a actualidade. Nada mais. Para defender-se, tem outros meios e em último caso, tem os tribunais. A RTP contrata comentadores para defenderem o seu bom nome? A RTP contrata comentadores para defender o seu bom nome e, como a memória é curta, voltarem a ganhar credibilidade junto do eleitorado? É só disto que se trata e nada mais.

Haja vergonha e pudor.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Por favor, alguém me arranja uma manif?

É que parece que vai haver uma já no Sábado, mas a coisa não me parece muito bem. Começando logo pelo nome que lhe deram, "Que se Lixe a Troika". É que eu, apesar de não concordar com muitas medidas que foram tomadas desde que estes senhores por cá aterraram, não quero que a troika se lixe. Nada disso. Aliás, da mesma forma que discordo de muitas medidas, também acho que a troika tem sido "abençoada" em outras tantas. Além disso, gosto da ideia do meu país equilibrar as contas públicas, pagar o que deve (não confundir com financiar os "abutres" que andam a ganhar dinheiro com a crise das dívidas soberanas) e não viver acima das suas reais possibilidades. Tenho para mim, que só deste modo, o Estado (que somos nós todos e é de nós todos), poderá auxiliar quem mais precisa e desenvolver de forma sustentada o país.

Depois de verificar que a génese da coisa não me agradava, verifiquei outra questão que também me deixa de pé muito atrás. Mesmo que digam que é uma manifestação apartidária, que não tem nenhum partido ou sindicato na organização da mesma, o mote da mesma (o tal "Que se Lixe a Troika"), revela que não é bem assim. Mesmo que esta manifestação não tenha nenhuma organização partidária por detrás da mesma, tem claramente um sector do nosso parlamento que está suportá-la. E isso não tem nada de negativo, obviamente. Não me digam é que é um movimento espontâneo de cidadãos, porque não o é. Tem uma máquina de um determinado sector do nosso parlamento a funcionar e o próprio mote da manifestação tem um objectivo político claramente ligado a esse mesmo sector. O sector que acha que tudo deve estar como está, que acha que o Estado actual é um Estado sustentável e que continua a pensar e a olhar para o país da mesma forma que o fazia em 1974. O sector que não percebeu (ou finge não perceber) que as necessidades do país mudaram muito nos últimos 39 anos e que o famoso Estado Social, continuando a funcionar do mesmo modo, deixará em breve de existir e que este é o debate mais importante que nós enquanto país teremos que fazer e com a maior das urgências. Assim sendo e como este sector me parece completamente fora da realidade, este é mais um motivo para eu não ter muita vontade de lá estar.

Posto isto, se conseguirem arranjar por aí uma manifestação verdadeiramente apartidária, que tenha por objectivo alertar os nossos governantes e a troika que um país só existe, se existir economia, é bem possível que eu participe na mesma. Se arranjarem uma manifestação que alerte os nossos governantes e os senhores da troika que para existir economia, não podemos viver numa "ditadura fiscal" e que a austeridade (necessária, é um facto) tem limites, eu estou lá. Iria ainda com mais vontade se, além do que escrevi atrás, se essa mesma manifestação contestasse a classe política que temos e a forma como os nossos partidos funcionam (uns porque vivem num sectarismo absoluto, outros porque vivem de e para clientelas). Iria com um gosto enorme, se houvesse uma manifestação que alertasse para o quão vergonhoso é, termos tido nos últimos anos como nossos representantes políticos e como governantes, gente como Sócrates, Mário Lino, Pedro Silva Pereira, José Lello, Relvas, Dias Loureiro, Duarte Lima, entre outros. Se arranjarem uma manifestação com estas características, eu estou lá e prometo que canto "Grândola Vila Morena". Fará todo o sentido. Até lá, só espero que não banalizem a canção e a sua mensagem.



quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

O pior cego...

Este texto poderia muito bem ser a continuação do anterior. Continuo a ler e a ouvir determinados comentários (alguns deles, bastante aplaudidos ou com muito "likes"...), que continuam a fazer-me uma enorme confusão e que, inclusivê, me fazem pôr em causa a credibilidade de quem os faz.

E essa credibilidade, é somente posta em causa pela incoerência que os mesmos demonstram, depois da mentira de Lance Armstrong ter sido admitida pelo mesmo. Eram estas mesmas pessoas que eu ouvia ou lia há uns tempos atrás, em emissões em directo das diversas competições de ciclismo ou nas redes sociais, antes de Lance ter confessado o uso doping, que tudo isto não passava de uma "caça ás bruxas", que o homem nunca tinha tido um controlo positivo e que tudo não passava de inveja ou de uma cilada por parte de alguém para prejudicar o ciclismo e o próprio Lance. Para estes, Lance estava limpo e as vitórias no Tour, deviam-se ao enorme talento e às capacidades que adquiriu depois de ter vencido o cancro.

Posto isto e após a confissão de Lance, a conversa mudou. De repente, o ciclismo que era limpo, passou a ser sujo. Ou seja, antes da confissão de Lance, o ciclismo poderia ter casos de doping pontuais, mas na sua essência era um desporto onde os ciclistas não faziam batota. Depois da confissão e numa tentativa de defesa do americano, as mesmas pessoas que diziam que o ciclismo era limpo, dizem que Lance era só mais um e que todos se dopavam (ainda hoje, depois de Rasmussen, ter, também ele, confessado o uso de doping, vejo reputados comentadores que anteriormente diziam que o ciclismo era limpo de uma forma geral, a dizer algo do género "venham dizer que o mal continua a chamar-se Lance Armstrong"). Entao mas anteriormente não havia uma "caça às bruxas"? Não era o ciclismo um desporto, na sua generalidade, limpo? Lance Armstrong, o tal que nunca tinha tido um controlo positivo, não estava a ser alvo de uma campanha para o denegrir? Em que ficamos? De repente, a justificação passou a ser "eram todos dopados e o Lance não era excepção". Mas não eram as pessoas que dizem agora isto, que diziam no passado, que o ciclismo tinha casos pontuais de doping, como todos os desportos os têm, mas que a maioria dos corredores não utilizava esses meios? Onde está a coerência? Afinal são todos dopados, depois da confissão de Lance?

Se querem o bem do ciclismo e se querem que a modalidade continue a ter credibilidade, assumam que havia e há uma mentalidade, onde "vale tudo" para conseguir resultados. Assumam que é um problema que existe no ciclismo e que só o desmascarando e colocando uma nova mentalidade nos ciclistas (nomeadamente nos mais jovens) que as coisas podem mudar. Assumam que humanamente, há coisas impossíveis de serem feitas e talvez os organismos que lideram a modalidade, começem a "humanizar" os percursos das diversas etapas e competições. Como espectador, só consigo valorizar quem vence, se souber que foi com recurso ao seu talento, ao seu treino, à sua estratégia, à sua alimentação e à sua hidratação (e tomar suplementos energéticos, não é doping, ao contrário de alguns ridículos comentários que já vi por aí).

Por último, deixo um desafio aos antigos ciclistas profissionais. Aqueles que, neste momento, têm pouco a perder. Eles que conhecem o "pelotão" e os seus hábitos como poucos, contem-nos a verdade. Digam o que viram, o que viveram e o que fizeram ou viram fazer. Digam-nos tudo. Se gostam de ciclismo, se querem que o ciclismo continue a ser uma das modalidades mais queridas em todo o mundo, deitem a verdade toda para fora e façam com que este pesadelo acabe. Pelo contrário, caso prefiram defender o indefensável, só estão a atirar o ciclismo para um lodo ainda mais profundo, do que aquele onde a modalidade já se encontra.

O ciclismo sem espectadores e fãs, não é nada. E esses, querem heróis de verdade e com verdade. Já chega de mentira e batota.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Vão continuar a defender a mentira?

Acabaram-se as dúvidas. Lance Armstrong confessou. Tomou doping. Assumiu-o. Foi até mais longe do que aquilo que eu poderia pensar. Admitiu que o fez desde o início da sua carreira e que as sete vitórias no Tour, foram todas elas sob efeito de doping. Enganou-me. Traiu-me e, mais do que tudo, pôs uma modalidade no lodo. Lodo esse, diga-se, em que ela já "nadava" a algum tempo, por casos semelhantes, muitos deles oriundos de uma geração (existirão, certamente, honrosas excepções), onde essa prática era considerada "normal" e aceite por quase todos no "pelotão".

Mais vale tarde do que nunca? É verdade. Assumir um erro, fica sempre bem e, de certa forma, acaba sempre por dar uma dimensão mais humana a quem, durante anos, agiu friamente, não olhando meios para alcançar os seus fins (ideia reforçada pelo próprio). A mentira alimentou financeiramente muita gente? Também é verdade. Marcas, imprensa, fundações, etc, foram alimentadas por ela. Até Oprah e a televisão onde o seu programa é exibido, ganharam com o desmascarar da mesma. Vão devolver o dinheiro, todos os que ganharam com a mentira? Certamente que não e muitos deles vão até exigir mais dinheiro ainda, por verem os seus nomes associados a Lance e por, alegadamente, terem sido enganados todos estes anos.

Tudo isto, é verdade, mas mesmo assim, parece que continua a não ser verdade para todos. Como amante da modalidade, no Facebook estou associado a muita gente ligada ao ciclismo, desde actuais e ex-ciclistas, a páginas de equipas, a directores desportivos, jornalistas, comentadores, etc, e fico, sinceramente, perplexo com a forma como reagem a todo este caso. Que antes de Armstrong confessar, eu ainda admitisse que houvessem dúvidas, eu aceito. Eu próprio as tinha, apesar de nos últimos meses, as mesmas terem sido quase dissipadas. Agora depois de tudo o que pudemos ouvir na entrevista de Lance, ainda haver gente a desculpabilizá-lo, faz-me sinceramente confusão e faz-me questionar até que ponto essas pessoas querem realmente um ciclismo limpo, dentro daquilo que é permitido numa modalidade de extrema exigência como esta o é.

Já li que o Armstrong deu dinheiro a ganhar a muita gente (é verdade, mas não terá ele ganho muito também?). Já ouvi que devemos valorizá-lo, não por esta questão, mas sim pela luta contra o cancro (toda esta ideia de luta contra o cancro, não foi suportada pela ideia de alguém que depois de ter a força de curar um cancro, voltou ainda mais forte e conseguiu tornar-se um vencedor desportivo?). Já li que era um pelotão de "dopados" e que ele era só mais um (se quem me rodear roubar e eu roubar também, não serei também eu um ladrão?). Já li que são pedidas coisas humanamente impossíveis aos ciclistas e que a "sobrevivência profissional", faz com que haja a tentação de sucumbir a estes comportamentos (é verdade e eu já o escrevi aqui, anteriormente). Enfim, já li e ouvi muita coisa a desculpabilizar Armstrong, como se ele afinal fosse o "coitadinho" desta questão, por parte de pessoas com responsabilidade, algumas delas referências na modalidade a nível nacional. Honra seja feita a Joaquim Gomes (vencedor de duas Voltas a Portugal e actual director da mesma), que foi o única pessoa directamente ligada a modalidade, que eu ouvi a ter um discurso duro com Lance e com os próprias autoridades que regem a modalidade (concordo que não pode ser só uma cabeça a rolar) e que foi até mais longe ao admitir, que ainda hoje, apesar de um muito maior controlo, continuam a haver algumas mentalidades na modalidade, que continuam a mover-se com base no "vale tudo" para ganhar.

Lance Armstrong, enganou o ciclismo, enganou os seus fãs e enganou aqueles que ainda acreditam que podem haver heróis e referências. Mais do que tudo, enganou aqueles que acreditaram numa história maravilhosa ("perfeita", citando-o), em que alguém vence uma doença horrível e depois disso ainda consegue tornar-se num dos maiores desportistas de todos os tempos. Pelo contrário, tudo não passou de uma fraude. Aqueles que usam a pulseira Livestrong no pulso, como se sentirão hoje?

Quem gosta de ciclismo a sério, puro e limpo, não pode defender ou desculpar tamanha fraude. Agora, resta ao ciclismo tentar capitalizar o lado bom desta declaração de Lance. Que sirva de reflexão sobre a mentalidade das pessoas que o campõem. Que sirva para perceber, também, que não se pode exigir a humanos, coisas desumanas, em nome de audiências e contratos. Mas que, acima de tudo, sirva para os directores desportivos e ciclistas profissionais aprenderem que quem "alimenta" a modalidade, são os adeptos. E esses nunca podem ser enganados, em circunstância alguma.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Era o "eco", estúpido!

Ontem na rubrica "Canções Com História", na Antena 3, o tema escolhido foi "I Wiil Follow", dos U2.

Além de explicar o enquadramento da letra e de mencionar a guitarra de The Edge como um dos "carimbos" do "som U2", Pedro Costa falou do eco. Aquele eco que saía, acima de tudo, da voz de Bono, mas que também saía da guitarra, da bateria e do baixo e que se ouvia nos primeiros discos da banda (nomeadamente nos primeiros três).

Talvez seja mesmo essa diferença do som dos U2 de inícios de oitenta, para os U2 dos últimos anos. Talvez não. De certeza que é essa a diferença. De certeza que é este o pormenor. E um pormenor na forma como se produz um disco, faz, de facto, toda a diferença. Era mesmo o eco e era o eco que fazia dos U2 uma banda irresistível.

http://www.youtube.com/watch?v=Jj9py-YgN6Y