domingo, 26 de maio de 2013

A diferença entre orgulho e vergonha

Em Amesterdão, perdi mas tive um grande orgulho na minha equipa. Hoje, também perdi, mas do orgulho passei à vergonha.

O Benfica perdeu bem. E perdeu bem, porque não teve atitude. Foi um equipa miserável, de "primas-donas", que não respeitaram aqueles que nos últimos dias deram o que tinham e, alguns, o que não tinham, para estarem com eles e apoiá-los, nem que para isso fosse necessário ir ao fim do mundo. Ninguém lhes pede que ganhem sempre ou que ganhem o que quer que seja. Só pedimos e exigimos atitude e essa hoje não existiu. Foram pouco dignos da camisola que vestem e dos adeptos que, repito, abdicaram de tudo e mais alguma coisa para os apoiar.

E, confirma-se, a época foi um fracasso. No meu clube, não há vitórias morais, nem desculpas. Existem vitórias e derrotas. Glória ou fracasso. Este ano, mais um vez, foi um fracasso. Não será hoje, certamente, o melhor dia para analisar convenientemente o que quer seja, pois a emoção está claramente a sobrepor-se à razão. Em relação ao treinador, não esqueço o que sempre disse e escrevi em relação a Jorge Jesus. É competente, sabe de bola como poucos e não vejo que seja facilmente substituível (apesar de também considerar que não existem insubstituíveis e que o Benfica está acima de quem quer seja). A questão que apraz analisar para quem está de fora, são os sinais internos que são deitados cá para fora, nomeadamente, nos últimos dias. No final do jogo com o Chelsea, foi Enzo e hoje foi Cardozo (já lá vou...) a colocarem em causa, claramente, a liderança do treinador. Se a isto juntarmos a impaciência total de uma parte significativa dos sócios, talvez tenha que admitir que as condições para Jesus continuar, sejam, no mínimo, discutíveis. Isto deve ser analisado friamente e sem medos. Muito menos, o medo de Jorge Jesus ir para o Porto, pois esse é um argumento que não é, minimamente, aceitável. Se tiver que ir, que vá.

Agora, Cardozo. Como jogador, sou dos que mais o defendo. Acho-o um jogador preponderante pelos golos que marca e ainda mais pela importância que tem na forma de jogar do Benfica. Acho que há um Benfica com ele em campo e outro sem ele. Contudo, não sendo rancoroso, não me esqueço do mal que me fazem. Ele já me mandou calar uma vez. Eu que lhe pago o ordenado e que o apoio faça chuva ou faça sol, sem nada em troca. Hoje envergonhou-me novamente. O que ele fez ao treinador do Benfica, por mais razões que ele possa ter, não é aceitável. Se eu agredir um chefe meu, sou despedido e com justa causa. Mesmo que alegue que tive um dia mau. Além disso, portou-se mal com um colega de equipa e revelou uma falta de companheirismo e solidariedade gritantes. Portanto, se no Benfica existe uma estrutura (seja lá o que isso for), talvez esteja na altura de explicar as regras do jogo ao paraguaio e perguntar-lhe quem está cima de quem. Se o Benfica, se ele.

Por último, nós adeptos. Se dependesse do nosso comportamento, tínhamos ganho o campeonato com vinte pontos de avanço, ganho ao Chelsea por 10-0 e hoje tínhamos levantado a vigésima quinta. É um orgulho partilhar bancadas, alegrias e tristezas convosco (nomeadamente, contigo Hélder, contigo Tiago e contigo Zé). Somos muitos e somos enormes. Nós é que somos o Benfica e nós é que somos do Benfica. Nada, nem ninguém mais.

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