quinta-feira, 11 de julho de 2013

A inesperada lucidez

"Na minha opinião, mesmo sabendo que do ponto de vista dos nossos partidos e das personagens que por lá gravitam, isto é quase impossível de ser posto em prática, o melhor para o país, neste momento e num período de transição até eleições, seria um governo de iniciativa presidencial. José Gomes Ferreira, já referiu hoje alguns possíveis nomes. Rui Rio, António Costa, Paulo Macedo, foram os mencionados. Certamente, que existem outros. Mas o país não pode parar e eu gostava que isto não ficasse igual à Grécia. Ficaria com uma boa impressão de Cavaco, se este tivesse a coragem de o propor, mesmo sabendo que a sua popularidade desceria ainda mais e mesmo que as hipóteses da ideia vingar serem mais do que remotas. Haja alguém com discernimento e responsabilidade."

Na semana passada, após a demissão de Gaspar e de Portas, escrevi, neste mesmo espaço, o que acima está transcrito. O que ontem foi sugerido por Cavaco, não é um governo de iniciativa presidencial (de todo), mas é algo que vai de encontro ao que escrevi, no sentido do consenso e da responsabilização de todos perante o cenário que enfrentamos. Nomeadamente, daqueles que assinaram o memorando e que têm a responsabilidade de o cumprir e de dar a cara por ele.

Há muito tempo que não concordava com o nosso Presidente da República. Ontem concordei e além disso, achei que a sua atitude revela um sentido de Estado e uma coragem, que eu há muito não via na política portuguesa. Cavaco surpreendeu tudo e todos e fez aquilo que está correcto e que é necessário numa situação de emergência como aquela que vivemos. Mesmo sabendo que voltaria a ser criticado e mesmo sabendo que a ideia, apesar de correcta, é de difícil concretização, não hesitou em fazer aquilo que está certo e aquilo que na óptica do nosso Presidente, o país precisa. "Teve-os no sítio" e isso, nos dias que correm e, nomeadamente, com os políticos com que hoje somos "prendados", é algo digno e merecedor de elogio.

Com dirigentes políticos decentes e num país onde a opinião pública não fosse envenenada com gente que comenta com segundas intenções, a proposta do Presidente da República, seria aceite normalmente. E Cavaco ontem explicou e bem porquê. Está tudo na comunicação do Presidente. Só não vê ou ouve quem não quer. Como cidadão, só espero que os nossos dirigentes políticos e os nossos partidos, sejam responsáveis e esqueçam, mais não seja, por um simples ano, os seus interesses e os interesses daqueles que gravitam à sua volta (os "macabros aparelhos"). E em relação a Cavaco, foi bom saber que ainda tenho um Presidente da República.

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