domingo, 23 de janeiro de 2011

Em Branco

Sim. Refiro-me ao meu voto de hoje. Uma campanha triste, com candidatos tristes (apesar de um ser Alegre...), é o que merece, no mínimo. Aliás, dar-me ao trabalho de ir votar, já é de si discutível e apesar de achar o voto um "bem" demasiado precioso, que foi conquistado pela luta de alguns (não tantos e não só,  por aqueles que, normalmente, se auto-denominam "donos" da revolução de Abril...), tenho que aceitar que esta pobreza de ideias, é um convite enorme a ficar em casa, com os pés quentes e debaixo de um cobertor. A outra possibilidade, bem mais cómica, era a de votar no candidato Coelho. E não foram poucos, parece-me...

Muito mau. Foi uma campanha baseada em ataques pessoais, onde as questões principais foram aquelas que pôem em causa a honra de certos candidatos e onde ninguém conseguiu memorizar uma ideia forte de um candidato em relação ao país. Não ponho em causa que essas questões de honra e de lísura são relevantes e que devem ser esclarecidas (sim, sr. Presidente Cavaco, por mais que custe, deve esclarecer...). Mas caramba, não haverá outros temas, bem mais relevantes, para serem discutidos? Num momento de crise, como aquele em que vivemos, não há uma ideia relevante para o nosso futuro? Tem que haver. E se não há, é porque esta gente que se candidata é fraca e é completamente manipulada por interesses partidários (e outros..), limitando-se a passar quinze dias de campanha, a efectuar ataques pessoais ou a debitar banalidades, que todos já ouvimos, vezes sem conta.

E no meio deste "pantanal", não consigo dissociar os nossos jornalistas disto tudo. Não serão eles, certamente, os culpados pelos maus políticos que temos.  De qualquer modo, não tendo responsabilidade na miséria política deste país, penso que estes têm a obrigação e o dever, de "estimular", positivamente, aqueles que se candidatam a cargos políticos ou públicos. Isto é, não se limitarem a acompanhar os candidatos nas famosas arruadas e comícios, mostrando somente as "gaffes" e os  momentos rídiculos de cada um dos dias de campanha, mas também pondo questões pertinentes, a que nós, cidadãos (e clientes dos meios de comunicação social), queremos e temos o direito de ver respondidas. Ainda na última sexta-feira, mínutos antes de se iniciar o tal período de reflexão, Maria João Avilez, alertava para isto mesmo e eu estou plenamente de acordo.

Enfim, neste triste cenário, vazio de ideias, onde ninguém me agrada a 100%, recuso-me a votar no "menos mau" (apesar de achar que há um...). O respeito que (ainda) tenho pelo voto e por aqueles que o tornaram legítimo neste país, assim me obriga. 

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