terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Um erro (meu) e uma injustiça (minha) colossais

A semana passada coloquei aqui no blog, as minhas escolhas musicais do ano. E cometi um erro crasso...

Quando escolhi a minha música preferida estrangeira, coloquei "Video Games" de Lana Del Rey. Pois bem, eu sei que é uma canalhice hedionda premiar algo ou alguém e depois retirar-lhe o prémio (mesmo que esse alguém, obviamente, não faça ideia da escolha de que foi alvo e tenha mais que fazer do que olhar para as minhas escolhas). Mas também é feio premiar algo ou alguém e ter a noção que existe algo ou alguém que merece mais essa distinção.

Assim sendo, sinto-me na obrigação de corrigir o erro que cometi. A minha canção do ano é, sem dúvida, "Sadness Is a Blessing" de Lykke Li. Aliás, se eu me tivesse lembrado, poderia ter colocado também a escolha de "vídeo do ano" e seria também o vídeo desta canção o vencedor.

O motivo do erro é simples. Quando fiz a minha pesquisa para elaborar a minha lista, por esquecimento (que injustiça...), não coloquei esta canção como hípotese. Ainda mais estranho se torna, quando no texto que aqui fiz sobre o SBSR deste ano, quando me referia ao concerto de Lykke Li, escrevi que assumia por antecipação que "Sadness Is a Blessing" iria ser a malhor canção de 2011.

Não vou corrigir o texto anterior, para que a minha idiotice fique bem exposta. De qualquer modo, que fique claro que a minha canção internacional do ano (as minhas desculpas Lana, mas devolve-me a estatueta por favor...) não é "Video Games" (Lana, não fiques triste. Fizeste a segunda melhor canção do ano...), mas sim "Sadness Is a Blessing" de Lykke Li.

Aqui fica o maravilhoso vídeo desta canção:

http://www.youtube.com/watch?v=Xu-b3u5jDiU

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O meu 2011 musical

Canção nacional do ano:
Márcia com JP Simões -  "A Pele Que Há Em Mim (Quando o dia entardeceu)";

Canção internacional do ano:
Lana Del Rey - "Video Games";

Disco nacional do ano:
Os Velhos - Os Velhos;

Disco internacional do ano:
The Strokes - Angles;

Concerto do ano:
The Strokes no Meco;

Desilusão do ano:
O fim d'Os Golpes;

Alegria do ano:
A edição do primeiro disco d'Os Capitães da Areia, O Verão Eterno.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Um título que diz tudo


Refiro-me ao título escolhido pela edição de hoje do jornal A Bola, para retratar o clássico de ontem à noite, em Espanha (canto inferior direito).

Reafirmo que, qualquer que seja o desfecho da época em Espanha e na Europa (e eu acho que o Real Madrid, com um jogo a menos do que o rival, tem tudo para ser campeão), o Barça ainda é a melhor equipa do mundo. Reafirmo também as minhas poucas dúvidas, em relação ao facto deste Barça, ser a melhor equipa de futebol de todos os tempos e que todos nós que gostamos deste desporto, sermos uns privilegiados por um dia termos assistido a um futebol tão fantástico, perfeito e sublime.

Tenho dito.

sábado, 12 de novembro de 2011

Os Capitães Da Areia e da minha presunção


A noite foi de orgulho. Talvez seja exagerado, talvez seja ridículo e talvez esteja a ser presunçoso. É bem possível que sim.

Ao ver ontem à noite, Os Capitães da Areia, banda que acompanho desde o seu primeiro concerto e que, logo nessa noite, fiz questão de escrever sobre a sua actuação, senti uma ponta de orgulho, por logo naquela noite de 2009, ter acreditado que algo maior poderia sair dali.

Acertei em cheio. Os "míudos cheios de pinta", tornaram-se uma banda a sério, com um disco pronto e capazes até de fazerem a primeira parte de uns tais de GNR, numa sala com a importância do Coliseu dos Recreios.

Assim sendo, que o verão seja eterno e que o, já antigo, sonho de uma cultura pop (ou, se preferirem, pope) "à portuguesa", prossiga.

PS: Em 2009, na tal primeira actuação d'Os Capitães da Areia, alguém escreveu isto:  http://blitz.aeiou.pt/os-golpes-vao-ser-grandes=f44895

sábado, 15 de outubro de 2011

Não Fui

A 12 de Março fui e iria novamente. Hoje não.

A diferença (que admito ser discutível) é que a 12 de Março a manifestação não tinha uma agenda política. Acima de tudo, segundo o que interpretei das intenções dos seus mentores, era uma manifestação que pedia credibilidade e, acima de tudo, verdade aos agentes politícos. Foi uma manifestação, onde a população de uma forma totalmente espontânea (talvez até ingénua), condenava uma certa foma de fazer politíca que tomou conta de todos os aparelhos partidários deste país e, ao mesmo tempo, condenava uma economia baseada em especulação e com uma falta de ética e escrúpulos, gritantes. Foi uma manifestação promovida por uma geração que se sente injustiçada por que aquilo que lhe prometeram e que não foi cumprido. Foi uma manifestação sem ideologias. Nem a esquerda, nem a direita deste país, põem nas ruas de Lisboa, 300 mil pessoas. Estavam lá todas as facções. Orgulho-me muito de ter lá estado e da minha geração ter sido o "motor" da mesma.

Hoje não fui. Pensei no assunto mas decidi não ir. Mesmo concordando com muitos pontos que hoje foram defendidos nas ruas, esta manifestação tinha uma agenda política clara. Isso não é censurável, de todo. De qualquer modo, neste momento, prefiro ter um Primeiro-Ministro que diga a verdade sobre o país, do que um que minta constantemente, como o anterior fazia. Sempre o disse e repito, que prefiro um candidato que em eleições, diga que vai aumentar impostos, se for isso que o país precisa, do que um que diga que tudo vai ser uma maravilha daí para frente. O candidato Passos Coelho, não referiu que estas medidas iriam ser tomadas caso fosse eleito. Aliás, até rejeitou algumas delas. É verdade. Isso é censurável? É, sem dúvida. Também mentiu? Mentiu. De qualquer modo, independentemente de eu concordar ou não com as medidas dramáticas que foram tomadas (e muitas delas, não concordo, de facto), não me parece que o Primeio-Ministro e os partidos que compõem a actual coligação governamental, ganhem algum tipo de popularidade com as mesmas. Daí, o meu benefício da dúvida, não pelas medidas em concreto que foram tomadas (repito, que não concordo com muitas ou quase todas), mas, no minímo, pela coragem em assumi-las.

Talvez por estas e outras razões, a manifestação de hoje, apesar de bastante considerável, não teve, nem de perto nem de longe, a participação fantástica, daquela que ocorreu a 12 de Março.

Não votei PSD, nem CDS e neste momento, nada me liga a partidos. De todo. São "máquinas", que no seu todo, funcionam com um único objectivo, que é o poder e isso enoja-me profundamente. Contudo, espero que num momento tão grave como o que vivemos, impere o sentido de Estado. Espero que, além de ir ao "bolso" das pessoas (uma inevitibilidade, tendo em conta a decadente situação do país), o governo, finalmente, apresente medidas de redução da despesa pública e aponte uma estratégia de crescimento económico sustentado para o país.

Não sei se estarei a ser ingénuo ou utópico, mas 4 meses de governo, ainda me merecem o benefício da dúvida. Acho, sinceramente, demagógico, culpar este governo pela situação terrível em que nos encontramos. Contudo, se o caminho continuar a ser o de ir ao "bolso" da população, sem que resultados positivos sejam alcançados, sem que nada seja feito para o Estado deixar de gastar mais do que aquilo que tem ou para que este país recupere economicamente e de uma forma sustentada, o meu benefício da dúvida irá acabar, certamente. E, aí sim, saírei á rua com os nobres propósitos de 12 de Março na mente, mas também com uma agenda política a defender. Temo, sinceramente, que seja isto que vai acontecer. A ver vamos.

P.S.: Também pertenço ao grupo que aguarda, impacientemente, pelo julgamento daqueles que fizeram negócios ruinosos para o Estado e que colocaram o país e a sua população, neste triste estado. É uma questão de ética e de decência.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Anormais

Num país normal, quem ocultasse dívida pública, não iria a votos. Num país normal, o Presidente da República faria tudo o que estivesse ao seu alcance (mesmo que pouco ou nada possa fazer), para que tal não acontecesse. Num país normal o Primeiro-Ministro, seria ainda mais veemente nas críticas a quem oculta dívida pública.

Num país normal o PSD nacional, faria tudo o que fosse possivel (e eu não faço ideia o que poderia fazer) para que o senhor que ontem ganhou as eleições na Madeira, não fosse a votos com as cores do seu partido. Num país normal, o PSD que, por acaso, é um dos partidos da coligação governamental, teria, no mínimo, criticado de forma muito dura, a actuação do Governo Regional (Passos Coelhos, na minha opinião, foi só um "bocadinho" duro). Num país normal, o PSD nacional, não teria feito um discurso de vitória na noite de ontem (mesmo que a mesma tenha sido recebida, segundo os próprios, de uma forma "humilde"). Num país normal, seria assim que os partidos ganhariam credibilidade para governar e pedir sacríficios. Ontem foi desperdiçada uma grande oportunidade...

Num país normal, não seriam permitidas constantes irregularidades nos vários processos eleitorais de uma determinada região autónoma do país, ao longo de décadas. Num país normal, um processo eleitoral, com cerca de trinta queixas de irregularidades (e, ao que parece, até foi o ano em que houve menos...), não seria validado. Num país normal, o Presidente do Governo Regional da Madeira, não diria que se está nas tintas para a Comissão Nacional de Eleições, com uma impunidade total.

Mas, acima de tudo, num país dito normal, o povo teria derrotado nas urnas, quem o enganou, endividou e hipotecou o seu futuro.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Bravo Rapazes!

Por vezes ganho e sinto que perdi. Outras vezes perco ou empato e sinto que ganhei.

Vejamos a diferença. Por exemplo, o ano passado, sentia muitas vezes, que o Benfica, mesmo ganhando, não demonstrava ser uma equipa coesa e com soluções individuais e tácticas, para ter uma época ao nível de 2009/2010 e que, infelizmente, se veio a confirmar. Ontem, pelo contrário e de uma forma muito clara para mim, senti a minha equipa forte, coesa e com um leque muito maior de soluções para enfrentar o que aí vem. E o Benfica ontem não ganhou...

Foi grande a atitude, a coragem e a concentração dos rapazes. Jogaram olhos nos olhos, com aquela que considero ser a terceira melhor equipa do Mundo da actualidade, respeitando o valor do adversário mas sem medo ou submissão (sim Jesus, é possível ter respeito pelo adversário, sem jogar com medo do mesmo... E tu até sabes como se faz como poucos). Uma defesa mais que segura, um meio campo com uma entreajuda impressionante (mais uma vez, ficou provado que Ruben Amorim é um dos grandes "reforços" deste Benfica, nomeadamente, em jogos como o de ontem) e um ataque entregue a génios como Aimar ou Gaitán (ontem, talvez a sua melhor exibição com a camisola do Maior), com um Cardozo, definitivamente, de volta à confiança perdida e que, teimosamente, cala as contantes e incompreensíveis críticas de que é alvo por parte dos seus próprios adeptos (quem faz um golo como o de ontem, não é tosco meus amigos).

Depois do jogo, ouvi alguns cronistas da nossa praça. Uma das "desculpas" para a grande exibição do Benfica que alguns apresentaram, era que o Manchester United não teria jogado com o seu melhor onze. Não concordo de todo. Talvez a equipa no Mundo que faz a maior rotação de jogadores ao longo da época, é o United. E tanto o faz num jogo da Champions, como na Premier League, independentemente da importância do mesmo, mantendo, normalmente, a qualidade que se sabe. Se virmos bem, o único jogador claramente titular (e durante o resto da época, vamos verificar  isso) é Rooney. Os outros vão sendo substituídos, consoante a estratégia e a gestão de esforço que Fergusson (a propósito, se não tivesse legendas, eu não conseguiria perceber nada do que o homem diz...) tão bem faz.

Com bom benfiquista, não estou feliz. A vitória é sempre o objectivo e festejar empates e vitórias morais, deixo para os vizinhos... Contudo, estou contente e orgulhoso da equipa. Comentava no final do jogo com os meus comparsas de ida à bola, que o Benfica provou, claramente, que tem melhor plantel que o ano passado e que, acima de tudo, ontem tinhamos ganho uma equipa que se bate, sem receios, com qualquer adversário. Não foi uma vitória, é certo, mas deixa esperança para o que aí vem. Além disso, empatar com o favorito do grupo, não é um resultado negativo, num grupo onde acho as outras duas equipas, claramente, inferiores (não confundir com desrespeito).

Agora voltemos aos assuntos internos. Venha a promissora Académica (cuidado...) e a ida ao campo de golfe das Antas, onde acredito que, com uma atitude igual à de ontem, a vitória pode acontecer (perder é mesmo proibido).

Costumo dizer que no Benfica, tenho sempre fé. Com o que demonstraram ontem, a fé do costume fica redobrada. Força rapazes!

PS: Desde muito menino, que estou e vejo o Estadio da Luz (o velho e o novo) cheio e com um ambiente infernal. Contudo, a sensação de estar no meio daquilo, é sempre como se fosse a primeira vez. Impressionante!

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O Pó. A Sensual. A Celebração. O Deus. Os Cool.

Sim, o título é horrível. Mas apeteceu-me. Ajuda-me a explanar em retrospectiva, as minhas 3 noites do Meco (ou mais ou menos lá...).

Começemos pelo pó. Não é agradável, de facto. De qualquer modo, ali não se pode esperar outra coisa e como eu acho que quem quer estar naquele ambiente e, sobretudo, quem gosta das bandas que passaram e passarão (diz-se, pelo menos, nos próximos 10 anos) por aquele local, não se importa muito de ficar castanho, com os olhos vermelhos e com uma ranhoca preta. Suporte-se ou não, é a imagem de marca deste festival e pronto.

Vamos à música. A sensual Lykke Li, encheu-me as medidas na primeira noite. Um espectáculo muito bom, visualmente muito interessante e canções que talvez merecessem mais o palco principal, do que outros que por lá passaram. De resto, Lykke Li, tem a melhor canção de 2011 (assumo por antecipação isto), "Sadness Is A Blessing".

A celebração foi no dia seguinte. O concerto de Arcade Fire, tal como desabafei noutro local, foi daqueles que ficam na memória para todo o sempre e só quem lá esteve o pode perceber. Uma festa magnífica, hinos incontornáveis, coros assombrosos e uma banda maravilhosa em palco, que dá tudo, mas mesmo tudo, em cima dele. Fantásticos!

Ontem vi um deus. Um deus com uma guitarra. Slash é um figurão. Estar a escassos metros de alguém que desde putos, vemos como um ícone, não é todos os dias. Óbvio, que foi com os temas dos Guns que a coisa aqueceu. Se "Nightrain" deu o mote para o início do pó a sério, "Sweet Child O'Mine" emocionou. Ver aquele gajo a tocar à minha frente, uma das canções mais perfeitas da história do rock n' roll, é um momento único e inesquecível.

A seguir, The Strokes. A banda pela qual mais ansiei e o principal motivo para me ter sujado. Grande concerto. Simples mas eficaz. O rock n' roll mais cool que se ouviu nos últimos 10 anos. Tal como li algures hoje, foi um concerto para "duros". Um concerto de rock a sério, com os clássicos (sim, já o são) de uma geração que cresceu a ouvi-los. Faltou uma ou outra. Mas foi bom e não há razões de queixa. O rock n' roll quer-se directo. Se for cool, melhor. E esta será, provavelmente, a banda mais cool e iconográfica dos últimos 10 anos.

Para o ano, há mais. Com pó, com certeza.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

João Vieira Pinto - O Maior Dos Meus Ídolos



Um dia teria que ser. Já o tinha prometido a mim mesmo e nem que fosse este o último texto que escrevesse na vida, teria que o fazer. Portanto, é esta a minha humilde prosa de homenagem, ao maior dos meus ídolos da bola e do clube ao qual jurei amor eterno e incondicional.

Antes dele, os meus ídolos na bola não tinham sido muitos. Nem poderia ser de outra forma, devido à tenra idade que tinha. Gostava de Futre (já estava no Atlético e era o melhor jogador português à época) e no meu clube começei por gostar do agora "barrigudo" Magnusson (em 89-90, o minha época zero nas coisas da bola, Bola de Prata), Rui Águas (na época seguinte, também ele Bola de Prata. O ano em que regressa ao Benfica, depois de uma estranha estadia a norte...) e Vítor Paneira (jogador de grande classe, que também saiu do Benfica de uma forma ingrata e estranha). Começei a despertar para João Pinto, no Mundial de 91 em Lisboa (o de Riade, não me recordo de ver). Logo no primeiro jogo, é ele que marca o golo da vitória num jogo nas Antas e logo aí, aquele "dez meio reis de gente", chamou-me a atenção. Durante esse Mundial, se bem me lembro, não voltou a marcar. Mas aquele finta curta, aquelas movimentações na frente de ataque, aquele jeito de atacar a bola sem medo e, sobretudo, aquela classe pura de pensar e executar mais rápido que todos os outros, ficaram na minha cabeça. Óbvio que, com 8 anos, não tinha ainda a "cultura" futebolistica suficiente para tirar todas estas conclusões. Mas hoje, consigo perceber a essência da minha "paixão" pelo futebol daquele rapaz.

Na época seguinte ao Mundial de Lisboa, João Pinto regressou ao Boavista , depois da experiência falhada no Atlético de Madrid. Faz uma época fantástica. Com um trio atacante muito bom, com João Pinto, Marlon e Ricky (Bola de Prata nessa época), o Boavista acaba em 4º lugar no campeonato e vence a Taça de Portugal numa final contra o Porto. João Pinto faz 7 golos no campeonato e logo nessa época começou algo que, mais tarde, se veio a tornar uma tradição. Logo nessa época, 3 dos 7 golos de João Pinto, foram marcados ao Sporting...

De qualquer modo, apesar da admiração que tinha por João Pinto, era necessário algo mais para que ele se tornasse num ídolo verdadeiro. E o que faltava, aconteceu em 92-93. João Pinto assina pelo Benfica e começou aí uma ligação especial, que durou 8 anos. Logo nessa época, apesar de uma lesão grave (pneumotórax), assume-se como titular e como um jogador preponderante (obviamente). A equipa era fantástica (Mozer, Paulo Sousa, Vítor Paneira, Rui Costa, Isaias, João Pinto, Futre, entre outros), mesmo não tendo sido campeã, ganhou a Taça de Portugal, num dos maiores shows de bola que vi na vida, vencendo o Boavista por 5-2 (1 golo de João Pinto).

Na época seguinte, depois de um início de época conturbado, que quase levava João Pinto para o outro lado da 2ª Circular, João Pinto acaba por ficar no Benfica. Marca 14 golos no campeonato e marca 3 em Alvalade, no jogo mais brilhante da sua vida ( a primeira nota 10 d'A Bola) e, mais não fosse por isso, já ficaria na história do Benfica. Mas para mim, reduzir a carreira de João Pinto no Benfica, a esta época (93-94) e a um jogo (o dos 3-6, em Alvalade), é um "sacrilégio" e uma injustiça do tamanho do antigo Estádio da Luz.

Depois da razia provocada aquando da chegada de Artur Jorge, o Benfica entrou na decadência desportiva que se sabe. E é aqui que João Pinto, na minha opinião, fica realmente na história do clube. Depois da saída de outros "históricos" do Benfica, foi vê-lo durante anos a fio a "carregar a equipa às costas". Aliás, tenho para mim que, desde que vejo bola, nunca houve uma equipa tão dependente de um só jogador (ou dois, se contarmos com o grande Preud'homme), como nessa altura o Benfica dependia de João Pinto. Desde que acompanho o Benfica, nunca vi um jogador ter uma relação tão especial com os adeptos, como a que João Pinto teve (peço desculpa, mas nem os muito respeitáveis Simão e Nuno Gomes, tiveram tal relação com a massa associativa). João Pinto era a esperança, era a classe, era a garra e, sobretudo, era a representação última da tal mistica perdida, para aqueles adeptos que se sentavam no cimento da antiga Luz.

Após o campeonato de 93-94, não mais João Pinto voltou a ser campeão no Benfica. Em 95-96, venceu a Taça de Portugal. Na final com o Sporting (a tal do very-light), assinou 2 golos e uma fantástica exibição. Esta também é a sua época mais produtiva de sempre, marcando 18 golos no campeonato.

Ainda hoje quando recordo este dia, fico triste. Aquele dia que eu não sei precisar qual foi ao certo, após o fim do campeonato de 99-00 e antes do início do Euro2000. O dia em que João Pinto foi dispensado do Benfica. Quando vi a notícia, pensei que só poderia um engano ou uma brincadeira (de mau gosto, diga-se). Quando vi que a coisa era a sério, não quis acreditar que era possível. Para mim tudo aquilo tinha tanto de absurdo, como de injusto. Aliás, se esquecermos a parte emocional da coisa, dispensar o jogador mais valioso do plantel daquela forma, foi um crime que lesou o clube financeira e desportivamente. Foi um dia muito triste para mim. Senti vergonha de ser do Benfica naquele dia (confesso...). Talvez seja parvo o que vou dizer, mas poucas derrotas do meu clube me custaram tanto, do que ver João Pinto sair do Benfica daquela forma.

Obviamente, que o tempo deu-me razão. Aliás, dias depois a razão que eu sabia que tinha, surgiu. No Euro2000, João Pinto foi elemento preponderante, naquela que é, para mim, a melhor selecção nacional de sempre. O golo à Inglaterra, é por muitos considerado o melhor do Europeu (para mim também foi). No que diz respeito ao Benfica, os beneficios da saída de João Pinto não foram nenhuns. Nos dois anos que se seguiram à sua saída, o Benfica nem sequer à Europa foi e só em 2003-2004, voltou a ganhar um título (Taça de Portugal) e só em 2004-2005 voltou a ser Campeão Nacional. No Sporting, João Pinto, naturalmente, assumiu-se como jogador importante que sempre foi por onde passou. Ganhou todos os títulos que poderia ganhar a nível nacional e foi o "pai" do melhor ponta-de-lança que por cá passou, Jardel.

Quando João Pinto, ingressou no Sporting, custou-me muito. O meu jogador preferido a jogar de "verde e branco", era um pesadelo enorme. Uma coisa sem sentido. Não deixei de ser do Benfica, mas o João Pinto continuou a ser o meu jogador preferido. Nunca o assobiei e achava uma injustiça enorme as assobiadelas e os insultos de que era alvo, sempre que regressava à Luz. Não estou a dizer que o aplaudissem, mas que o tratassem como os restantes adversários. Era o minímo sinal de respeito que os adeptos de Benfica podiam ter com quem, durante anos, foi o maior símbolo do clube e que só de lá saiu porque foi empurrado para tal. Os jogos da selecção eram um alívio para mim. Aí podia conjugar a minha admiração pelo jogador, com o facto de ele estar a jogar no "meu" lado da barricada.

O que vou escrever, talvez seja polémico e discutível. Mas até sei que há por aí uns quantos que concordam comigo. Na minha opinião, João Pinto foi o melhor jogador português da sua geração. E não pensem que estou confuso e estou a esquecer-me de Figo e Rui Costa. Não estou. Estes tiveram carreiras internacionais maiores, sem dúvida. Melhoraram muito fisicamente e atingiram outros patamares de notoriedade lá fora. Mas em "estado bruto", João Pinto era melhor. João Pinto era mais genial. Lembro-me que a dada altura, aquela posição atrás do ponta-de-lança, normalmente a posição em que João Pinto jogava, passou a ser apelidada, simplesmente, da "posição do João Pinto".

Foi, sem dúvida, o jogador que mais idolatrei na minha vida e o jogador mais marcante e empolgante que vi jogar no Benfica. E, para mim, nunca será o "Grande Artista", mas sim o "Menino de Ouro". Nunca será o "25" mas sim o "8". Maradona disse um dia acerca de João Pinto que "ele tem classe até à andar". Concordo.

Obrigado João.



http://www.youtube.com/watch?v=KgD86bzMZWc

http://www.youtube.com/watch?v=Ww_DOQN2Sg8&feature=grec_index

http://www.youtube.com/watch?v=yGrn57kcrU8&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=LIKFm1hhK2E&NR=1

http://www.youtube.com/watch?v=xsPxxsdW3Bc&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=LzWEVp-D48c

http://www.youtube.com/watch?v=Syzcc3IY4PQ&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=QZXXcIi0cpU

domingo, 5 de junho de 2011

Uma Coisa Boa E A Tristeza Do Costume

Alguns desabafos sobre a noite de hoje.

Começo pelo que considero ser a única real boa notícia da noite. O país livrou-se de um primeiro-ministro que mentiu vezes sem conta e que encarnou o lado demagógico da política, de uma forma quase inigualável. E isto só pode ser uma boa notícia. Aliás, o facto de o senhor se demitir e não vir a ser líder da oposição, é também um facto importante e positivo. Apesar de ainda não estar "morto" políticamente (e o futuro vai dar-me razão, infelizmente...), quanto mais tempo políticos como este estiverem longe dos centros de decisão, mais respirável estará o país.

Tenho para mim (e não sou só eu), que o PSD ganha estas eleições de uma forma expressiva (mesmo sem a maioria absoluta), mais pela vontade do povo em afastar Sócrates do poder, do que por mérito próprio. Num futuro próximo, não acho que esta vitória do PSD, mesmo que expressiva, faça dos "laranjas" um partido de inequívoca confiança junto do eleitorado (mesmo até junto daquele, que é o seu eleitorado tradicional) e, daqui para frente, é provável que assistamos a hipócrita "colagem" do PS aos partidos à sua esquerda, como se este mesmo partido não tivesse governado o país nos últimos 6 anos e assinado o acordo com a "troika".

Em relação ao sucessor, Passos Coelho, ainda é para mim uma incógnita. Parece-me mais sério e menos permeável a demagogias do que aquele a quem vai suceder, mas aquele aparelho partidário que o rodeia, nomeadamente algumas figuras que o acompanham, fazem-me desconfiar do que aí vem. A ver vamos...

De resto, destaco nesta noite eleitoral mais uma triste figura dos aparelhos partidários dos dois maiores partidos deste país, nomeadamente, os seus "jotinhas"que, mais uma vez, fizeram questão de demonstrar a irresponsabilidade, a falta de sentido de Estado e de sentido democrático que aquelas cabeças possuem. Uns (os do PSD), agarradinhos aos pulos, como se o seu "clube" tivesse ganho a Liga dos Campeões. Outros (os do PS), numa vergonhosa atitude anti-democrática, a apuparem os jornalistas que faziam perguntas ao seu ainda líder.

Esta questão dos aparelhos partidários, dos "jotinhas" e afins, talvez seja uma das questões para, uma vez mais, a abstenção ter sido a grande vencedora da noite. A esta gente, talvez isto não preocupe. Mas a mim e a uns quantos que não fazem da política um jogo de futebol, só pode preocupar. Já o escrevi aqui antes e volto a escrever, que esta forma de fazer política, baseada em "casos" diários, em "gaffes" e em discursos carregados de retórica mas sem nenhuma ideia para o país, só afastam as pessoas da política. E repito também, que os jornalistas que "alimentam" isto, têm também eles culpa no cartório, pois não centram (nem tentam) o debate naquilo que é essencial para a vida das pessoas e do país.

O país não pode estar dependente de "aparelhos" e de "jotinhas". A sociedade cívil tem a obrigação de participar e de obrigar esta gente que nos governa a ser transparente, séria e responsável. O passado 12 de Março, foi um bonito dia, onde o povo, de uma forma totalmente "despartidarizada", saíu rua e demonstrou o seu descontentamento. Não esqueçamos esse dia e o seu exemplo.