domingo, 5 de junho de 2011

Uma Coisa Boa E A Tristeza Do Costume

Alguns desabafos sobre a noite de hoje.

Começo pelo que considero ser a única real boa notícia da noite. O país livrou-se de um primeiro-ministro que mentiu vezes sem conta e que encarnou o lado demagógico da política, de uma forma quase inigualável. E isto só pode ser uma boa notícia. Aliás, o facto de o senhor se demitir e não vir a ser líder da oposição, é também um facto importante e positivo. Apesar de ainda não estar "morto" políticamente (e o futuro vai dar-me razão, infelizmente...), quanto mais tempo políticos como este estiverem longe dos centros de decisão, mais respirável estará o país.

Tenho para mim (e não sou só eu), que o PSD ganha estas eleições de uma forma expressiva (mesmo sem a maioria absoluta), mais pela vontade do povo em afastar Sócrates do poder, do que por mérito próprio. Num futuro próximo, não acho que esta vitória do PSD, mesmo que expressiva, faça dos "laranjas" um partido de inequívoca confiança junto do eleitorado (mesmo até junto daquele, que é o seu eleitorado tradicional) e, daqui para frente, é provável que assistamos a hipócrita "colagem" do PS aos partidos à sua esquerda, como se este mesmo partido não tivesse governado o país nos últimos 6 anos e assinado o acordo com a "troika".

Em relação ao sucessor, Passos Coelho, ainda é para mim uma incógnita. Parece-me mais sério e menos permeável a demagogias do que aquele a quem vai suceder, mas aquele aparelho partidário que o rodeia, nomeadamente algumas figuras que o acompanham, fazem-me desconfiar do que aí vem. A ver vamos...

De resto, destaco nesta noite eleitoral mais uma triste figura dos aparelhos partidários dos dois maiores partidos deste país, nomeadamente, os seus "jotinhas"que, mais uma vez, fizeram questão de demonstrar a irresponsabilidade, a falta de sentido de Estado e de sentido democrático que aquelas cabeças possuem. Uns (os do PSD), agarradinhos aos pulos, como se o seu "clube" tivesse ganho a Liga dos Campeões. Outros (os do PS), numa vergonhosa atitude anti-democrática, a apuparem os jornalistas que faziam perguntas ao seu ainda líder.

Esta questão dos aparelhos partidários, dos "jotinhas" e afins, talvez seja uma das questões para, uma vez mais, a abstenção ter sido a grande vencedora da noite. A esta gente, talvez isto não preocupe. Mas a mim e a uns quantos que não fazem da política um jogo de futebol, só pode preocupar. Já o escrevi aqui antes e volto a escrever, que esta forma de fazer política, baseada em "casos" diários, em "gaffes" e em discursos carregados de retórica mas sem nenhuma ideia para o país, só afastam as pessoas da política. E repito também, que os jornalistas que "alimentam" isto, têm também eles culpa no cartório, pois não centram (nem tentam) o debate naquilo que é essencial para a vida das pessoas e do país.

O país não pode estar dependente de "aparelhos" e de "jotinhas". A sociedade cívil tem a obrigação de participar e de obrigar esta gente que nos governa a ser transparente, séria e responsável. O passado 12 de Março, foi um bonito dia, onde o povo, de uma forma totalmente "despartidarizada", saíu rua e demonstrou o seu descontentamento. Não esqueçamos esse dia e o seu exemplo.

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