quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Obrigado, companheira

E pronto, o dia chegou na semana passada. Ambos sabíamos que ele iria chegar. Tudo tem um fim, não é? Foram tantos os quilómetros, tantas as manhãs, tantas as tardes e até algumas noites, em que nunca, mas nunca mesmo, me deixaste ficar mal.

Foste uma mais que fiel companheira. Suportaste tantas e tantas vezes os meus "empenos" e o meu sofrimento. Fazias sempre questão de demonstrar que estavas comigo e que desistir não era o caminho. Achava piada aqueles momentos em que olhavas de soslaio para o lado e vias as tuas colegas mais caras e sofisticadas. Não foram poucas as vezes, em que fizeste questão de dizer quem que é que mandava ali e que o dinheiro não pode comprar tudo. Era o teu orgulho a funcionar...

Acredita que não tive coragem de enviar-te para longe. Vais estar por perto, num local onde posso continuar a olhar para ti, recordando os momentos que passamos juntos e, quem sabe, darmos mais umas voltas para enganar a saudade.

Agradeço-te por tudo, fiel companheira. Foi uma honra e um privilégio pedalar contigo. Continuaremos a encontrar-nos por aí.




segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Eu é que sou mesmo do Benfica. O Eusébio também.




Costumo dizer, que eu é que sou mesmo do Benfica. Sim, porque isto de ser do Benfica e de ser mesmo do Benfica, tem diferenças substanciais. Não que não existam outros como eu. Existem e muitos. Mas conheço outros tantos que dizem que são do Benfica, mas não sabem, nem de perto nem de longe, o que isso é. Alguns deles foram ou são funcionários do clube e outros são gente vulgar como eu, que diz que tem um clube e que esse clube é o Benfica. Mas eu é que sou mesmo do Benfica. E eu é que sou mesmo do Benfica, porque eu é que fico mesmo feliz quando o Benfica ganha. Porque eu é que fico mesmo muito triste quando o Benfica perde. Eu é que condiciono a minha vida das mais variadas formas para o ver, para saber o que lhe está acontecer e eu é que fico em pulgas quando não o posso ver e não sei o resultado. Já chorei pelo o Benfica. De alegria, de tristeza e desde pequenino que isto acontece. Hoje, já trintão, continua a acontecer. Já tive das melhores e maiores alegrias da minha vida com o Benfica e o Benfica é algo que faz parte da minha vida. Assumidamente. Quem comigo vive e convive sabe que é assim e sabe que é das poucas coisas na vida da qual eu não abdico e sou intransigente.

Esta coisa de eu ser do Benfica, tem causas e tem motivos. Teve a influência familiar, sobretudo e principalmente, do meu irmão. Foi ele que me levou aos primeiros jogos. Lembro-me perfeitamente da minha primeira vez na Luz. Foi na época 89-90, num jogo com o Estrela (que coincidência feliz), em que ganhámos 2-0, com 2 golos de Magnusson. Nesta mesmo época, lembro-me de ouvir o relato em casa da "mão de Vata" e recordo-me dos posters nas portas do móvel com a equipa campeã nacional em 88-89 e a equipa, que na época anterior a esta, jogou a final com o PSV. Foram todas estas pequenas coisas que fizeram de mim um benfiquista mesmo.

No meio de todo este crescimento benfiquista, havia sempre uma personagem mítica. Uma personagem que eu nunca tinha visto jogar, da qual os mais velhos falavam com uma reverência e uma admiração tais, que me despertava a curiosidade. Era como se fosse algo sagrado (como se fosse?) e eu, muito pequenino, não percebia muito bem o que é que aquela personagem representava, mas apercebia-me que era algo grandioso.

Como ainda criança, eu já era mesmo do Benfica, a melhor prenda que poderia receber era algo relacionado com o Benfica. Podia ser uma bola, uma camisola, um cachecol, um boneco, qualquer coisa que tivesse vermelho ou uma águia. Recordo-me de um tio meu já falecido, oferecer-me uma estátua lindíssima, com o símbolo do Benfica em dourado e outra tia minha se ter dado ao trabalho de fazer um quadro com o símbolo do meu clube bordado. Ainda hoje, estas duas prendas estão expostas no meu quarto. Outra das prendas que recebi nesta altura, (penso que em 92, por alturas dos seus 50 anos, não tenho bem a certeza), foi uma banda desenhada da tal figura mítica, quase misteriosa para mim, da qual toda a gente falava, mas que eu não sabia bem o porquê. Era a banda desenhada do Eusébio e foi com ela que comecei a perceber que personagem era aquela. Foi lá que percebi o porquê de ele ser o maior para muitos e foi lá que eu próprio comecei a tê-lo como uma referência, mesmo sem eu ter visto jogar.

Se pensam que estou a tentar escrever mais um texto sobre o que representa Eusébio, enganam-se. Hoje já vi tantos e com tanto talento, que me recuso sequer a tentar fazer algo parecido. Este texto, é mesmo sobre mim, porque hoje fui um benfiquista banal. Fui mesmo um mau benfiquista, porque eu, que sou mesmo do Benfica, devia ter lá estado. Se o Eusébio é um dos principais responsáveis pelo o meu clube ser aquilo que eu acredito que é, o maior deste país e o mais mítico dos clubes portugueses, eu devia ter lá ido. Ontem ou hoje, devia ter lá ido e não interessam os motivos porque não fui. Porque o Eusébio, além de ser um dos principais responsáveis por o Benfica ser o que é, tem ainda outra característica: ele também era mesmo do Benfica. Foi a minha maior falha de sempre como benfiquista e muito em breve conto remediá-la (já não vou conseguir melhor que isto...).

Perdoe-me Eusébio, por esta enorme falta de gratidão da minha parte. E permita-me que lhe agradeça por ter feito do Benfica, algo muito maior que o nosso país e, já agora, obrigado por me ter feito um dos seus. No fim de contas, o senhor, eu e mais uns quantos, é que somos mesmo do Benfica.

Descanse em paz, King.



terça-feira, 29 de outubro de 2013

Opinando por aí: Berg e Blatter

Há muito que não opinava nada por aqui e hoje apetece-me. Vamos lá então.

Comecemos por Berg. Excelente cantor, grande interpretação no Factor X . Mas das duas uma: ou aquilo é batota ou então eu não percebi ainda bem as regras do jogo (o que é provável). Vejamos: se aquilo é um programa para supostos novos talentos que têm ali uma oportunidade para chegar ao mundo da música profissional, então aquilo é batota. Berg é músico profissional, já interpretou o genérico da primeira série de Morangos Com Açucar e tem uma vida profissional cheia de colaborações com uma série de artistas portugueses, tal e qual o próprio referiu no domingo. No fundo, Berg vive da música. Se, pelo o contrário, o Factor X tem um conceito diferente daquele que penso que tem, então qualquer um, profissional ou não, poderá entrar lá e ganhar o programa. Se assim é, sugiro que todos os artistas que tenham as carreiras em momentos de menor fulgor ou com necessidade de ganhar umas coroas (e deve haver imensos por aí), inscrevam-se no Factor X, pois têm ali uma excelente oportunidade para dar uma volta de 180º à sua vida.

Agora vou opinar sobre o parvo de Blatter. Antes de mais um ponto prévio: para mim, Ronaldo é, provavelmente, o melhor jogador português de todos os tempos (não vi Eusébio jogar) e é um dos melhores jogadores da história do futebol mundial. Como profissional, admiro o seu trabalho e o que lutou e luta para se manter no topo. Nesse aspecto, é um exemplo enorme para este país. Tirando isso, a personagem em si, diz-me pouco ou nada. Nunca lhe achei piada e sempre o achei um mimado. A opinião mantém-se. Além disso, também acho Messi o melhor jogador do mundo e, para mim, só falta ao argentino chegar ao "patamar Maradona", para chegar ao topo dos deuses da bola (e isto, ao contrário do que muitos pensam, inclusivê o próprio Ronaldo, não retira em nada, o mérito ao jogador português). Portanto, se chegaram até aqui e acham que o meu patriotismo é menor que o vosso por ter esta opinião, podem arrumar a trouxa e ir ler outro blog tão ou mais desinteressante que este (não é fácil...).

Blatter é parvo. E não é de agora. É mesmo parvo. Tem pinta de mafioso e representa muito daquilo que o futebol moderno tem de errado. Blatter foi muito infeliz com Ronaldo e, repito, foi tão parvo e estúpido que até dá dó. Não sei se estaria bêbado ou se já não tem noção do ridículo, mas alguém que é presidente da FIFA, não pode fazer declarações daquelas, figuras daquelas ou até mesmo demonstrar preferências sobre uma votação que vai decorrer. Aliás, com tudo isto, deu mais uma oportunidade de ouro a Ronaldo, para vir com a conversa do costume, que o Messi é beneficiado, que o Barcelona é o clube preferido, que ninguém gosta dos portugueses e sugerindo até, que o Real Madrid é também ele um alvo a abater (estranho, há não muito tempo, ouvia dizer aos sete ventos, que o Real Madrid era o clube do poder, dos poderosos, da FIFA, da UEFA, etc... A vida dá voltas...). No fundo a parvoíce de Blatter é tão grande, que até serve a outros para alimentarem as suas.


segunda-feira, 29 de julho de 2013

O fim da Feromona e de algo mais

Ontem, quando na parte final da celebração (sim, aquilo não foi bem um concerto...), Manuel Fúria disse que o final da Feromona, representava muito mais do que um fim de uma banda, falei para os meus botões que afinal não era só eu a ter esta sensação. Esta sensação, surgiu primeiro aquando do fim d'Os Golpes. Quando tomei conhecimento do fim da Feromona, foi como se fosse a confirmação de que uma era na história do rock n' roll cá do burgo, estaria a terminar. Uma era de pujança de duas editoras ( Amor Fúria e Flor Caveira), que nos trouxeram uma panóplia de gente nova, com respeito pelo passado, mas com vontade de dar futuro ao nosso rock e que trouxeram uma alma nova e renovada à música portuguesa. Óbvio que alguns ainda sobrevivem (Capitães da Areia, Os Pontos Negros, Samuel Úria, Manuel Fúria, entre outros), sendo certo e provável que alguns destes se mantenham e subam, definitivamente, à primeira divisão do nosso panorama musical. Contudo, o fim d'Os Golpes e agora da Feromona, é como se denunciasse o fim de um determinado espírito que invadiu Lisboa nos últimos anos e que me permitiu ver e participar no crescimento de muitas destas bandas.

Sobre ontem, também eu fui contra aquilo que se passou ali. Contudo, a Feromona ficará para sempre no cantinho do meu coração dedicado ao rock n' roll. Conheci-os em 2010. E nesse ano, foram o Porto, o Gerês, o rio Douro e o rio Homem. O recomeçar e a confirmação do fim.  Acima de tudo, o definitivo e feliz "partir para outra". Acompanhei-os desde aí, tentando conhecer a Feromona "pré-2010" e mantendo-me actualizado com a Feromona pós esse ano. Ontem foi a sua última vez e um agradecimento sentido é a única coisa que me resta.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

A inesperada lucidez

"Na minha opinião, mesmo sabendo que do ponto de vista dos nossos partidos e das personagens que por lá gravitam, isto é quase impossível de ser posto em prática, o melhor para o país, neste momento e num período de transição até eleições, seria um governo de iniciativa presidencial. José Gomes Ferreira, já referiu hoje alguns possíveis nomes. Rui Rio, António Costa, Paulo Macedo, foram os mencionados. Certamente, que existem outros. Mas o país não pode parar e eu gostava que isto não ficasse igual à Grécia. Ficaria com uma boa impressão de Cavaco, se este tivesse a coragem de o propor, mesmo sabendo que a sua popularidade desceria ainda mais e mesmo que as hipóteses da ideia vingar serem mais do que remotas. Haja alguém com discernimento e responsabilidade."

Na semana passada, após a demissão de Gaspar e de Portas, escrevi, neste mesmo espaço, o que acima está transcrito. O que ontem foi sugerido por Cavaco, não é um governo de iniciativa presidencial (de todo), mas é algo que vai de encontro ao que escrevi, no sentido do consenso e da responsabilização de todos perante o cenário que enfrentamos. Nomeadamente, daqueles que assinaram o memorando e que têm a responsabilidade de o cumprir e de dar a cara por ele.

Há muito tempo que não concordava com o nosso Presidente da República. Ontem concordei e além disso, achei que a sua atitude revela um sentido de Estado e uma coragem, que eu há muito não via na política portuguesa. Cavaco surpreendeu tudo e todos e fez aquilo que está correcto e que é necessário numa situação de emergência como aquela que vivemos. Mesmo sabendo que voltaria a ser criticado e mesmo sabendo que a ideia, apesar de correcta, é de difícil concretização, não hesitou em fazer aquilo que está certo e aquilo que na óptica do nosso Presidente, o país precisa. "Teve-os no sítio" e isso, nos dias que correm e, nomeadamente, com os políticos com que hoje somos "prendados", é algo digno e merecedor de elogio.

Com dirigentes políticos decentes e num país onde a opinião pública não fosse envenenada com gente que comenta com segundas intenções, a proposta do Presidente da República, seria aceite normalmente. E Cavaco ontem explicou e bem porquê. Está tudo na comunicação do Presidente. Só não vê ou ouve quem não quer. Como cidadão, só espero que os nossos dirigentes políticos e os nossos partidos, sejam responsáveis e esqueçam, mais não seja, por um simples ano, os seus interesses e os interesses daqueles que gravitam à sua volta (os "macabros aparelhos"). E em relação a Cavaco, foi bom saber que ainda tenho um Presidente da República.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Os coveiros da Pátria

Há quem esteja extremamente feliz com esta crise no governo. Até mesmo alguns que se dizem preocupados, estão contentes. O poder é uma guloseima potente e há sempre quem não lhe consiga resistir. Neste grupo dos "contentes", há gente que pouco informada ou iludida, pensa que tudo vai mudar com umas simples eleições. Depois existem aqueles, com mais responsabilidade, bem informados, alguns deles que sabem bem em que estado está o país (e em que estado vai ficar...) que, simplesmente, por meros interesses sectoriais, lobbys e clientelismo partidário ( o "guloso" aparelho do PS rejubila de novo), estão felicíssimos com tudo isto, como se um fracasso de um governo, não correspondesse a um fracasso do país. Este segundo grupo dos "contentes", é claramente o mais perigoso e o que não pretende o bem do seu país, mas, simplesmente, o seu bem pessoal e daqueles que com eles partilham sindicatos, partidos e outros lobbys obscuros que têm minado o nosso Estado e a democracia do mesmo.

E se pensavam que pelo que escrevi no parágrafo anterior iria excluir aqueles que, supostamente, estão "tristes", desenganem-se. É tudo igual. Os da oposição e os do governo. Tudo gente irresponsável, que põe interesses partidários à frente dos do país. Tudo gente que prefere o conflito com "segundas intenções", a um consenso que faça isto avançar e melhorar. O que aconteceu nos últimos dois dias, só vem comprovar isto. Mas poderíamos recuar no tempo e dar mais exemplos. Se for verdade que Passos Coelho não informou e discutiu com o seu parceiro de coligação o nome do substituto do Ministro das Finanças, é grave, ridículo e desleal. Contudo, para mim, sempre foi certo que Paulo Portas, com o aproximar de momentos eleitorais, iria roer a corda. Confirmou-se. A comunicação de Passos Coelho de ontem, não foi mais do que passar para Paulo Portas e para o CDS, o ónus desta crise no governo e do fim da coligação. Como se o fracasso da mesma, não passasse, igualmente, pelo comportamento de Passos Coelho. Como se isso fosse o mais importante para o país agora. Como se o tacticismo partidário fosse mais relevante que o futuro do país. Já o escrevi aqui e repito: desde os tempos em que o hediondo Sócrates chegou ao poder, estamos, mais do que nunca, entregues à bicharada e a um bando de irresponsáveis.

Na minha opinião, mesmo sabendo que do ponto de vista dos nossos partidos e das personagens que por lá gravitam, isto é quase impossível de ser posto em prática, o melhor para o país, neste momento e num período de transição até eleições, seria um governo de iniciativa presidencial. José Gomes Ferreira, já referiu hoje alguns possíveis nomes. Rui Rio, António Costa, Paulo Macedo, foram os mencionados. Certamente, que existem outros. Mas o país não pode parar e eu gostava que isto não ficasse igual à Grécia. Ficaria com uma boa impressão de Cavaco, se este tivesse a coragem de o propor, mesmo sabendo que a sua popularidade desceria ainda mais e mesmo que as hipóteses da ideia vingar serem mais do que remotas. Haja alguém com discernimento e responsabilidade. Só um bocadinho... E acreditem, o maior problema do país, são os actuais aparelhos partidários e a forma como os mesmos funcionam. É o princípio de tudo. Os "tristes" e os "contentes" são os coveiros da Pátria.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Psicanálise com os Muse

Juro que nem sequer ia a pensar no assunto. O dia tinha sido bem passado e preenchido e eu estou de férias de bola. Contudo, quando saí da estação de metro (ou do andante) e comecei a ver as paredes do estádio, algo se alterou. De repente, só via "Kelvins" à minha frente a rematarem cruzado e "Artures" completamente batidos e desesperados a verem a bola entrar. A cada passo que dava, mais a imagem se repetia na minha cabeça. Coincidência ou não, o palco estava situado, precisamente, no lado onde Artur sofreu o golo e a porta por onde entrei, dava acesso à bancada onde os adeptos adversários do Porto costumam ser colocados. Ao descer aquela bancada para aceder ao relvado e com a imagem de Kelvin a festejar, continuamente, a surgir na minha cabeça, consegui olhar ao meu redor e imaginar aqueles milhares de benfiquistas que estariam naquela bancada, incrédulos, cabisbaixos, agarrados à cabeça e de lágrimas a escorrer pela cara. E o Kelvin continuava a rematar e a festejar... Outra coincidência, foi a dos meus amigos e namorada se terem encaminhado, precisamente, para perto do local onde o rapazinho brasileiro fez o golo da vida dele. Enquanto a imagem se repetia e repetia, quase que tive tentado a correr em direcção do brasileiro e pregar-lhe uma rasteira ou fazer uma daquelas faltas feias em "carrinho". Mas depressa percebi que no meu lugar estava Roderick e que eu já nada poderia fazer.

Quando entraram os We Are The Ocean, tentei abstrair-me do meu pesadelo. Em vão... A banda é competente, é um facto. Mas é mais do mesmo. Não digo que um dia não possam chegar à RFM ou à Comercial, mas não trarão nada de novo ou, pelo menos, algo que a mim me possa interessar por aí além. E o Kelvin continuava a marcar e o Artur, completamente batido, continuava a contemplar a bola a entrar e o campeonato a fugir...

Depois vieram os Muse. Um fantástico concerto. Musicalmente perfeito, um som fenomenal e uma produção visual brutal. Sou insuspeito de o dizer, porque nem sequer sou um fã incondicional da banda e, provavelmente, se não fossem as influências de terceiros, nem sequer tinha ido ao espectáculo. Os Muse não sendo uma banda que, musicalmente, me encha as medidas, têm personalidade (mesmo com todas as referências óbvias, que os mesmos não fazem a mínima questão de esconder), originalidade e têm provavelmente o maior "performer" do rock actual, Matt Bellamy (à parte, o infeliz momento em que, por segundos, esteve com um cachecol da equipa do Kelvin ao pescoço). Se juntarmos a isto tudo, uma produção de estádio fantástica, que não se limita a ser uma produção para "encher chouriços", mas que, para além da grandeza, consegue ser pertinente e verdadeiramente original, temos todos os condimentos reunidos para que os britânicos sejam, no presente, os líderes da Liga dos Campeões do pop-rock mundial.

Os Muse conseguiram que o Kelvin aparecesse menos vezes à minha frente e isso, por si só, já merece um obrigado. Foi como se tivessem ao meu lado, a ajudar-me a enfrentar os meus piores pesadelos. E uma sessão de psicanálise com os Muse a tocar, é um luxo que poucos conseguem ter.

P.S.: O Estádio do Dragão, é o segundo estádio mais bonito do país.

P.S.2: A dada altura, até uma bandeira do Vitória de Guimarães tinha que aparecer...