quarta-feira, 21 de março de 2012

Orgulho, o prazer de ganhar e conversa da treta

Começemos pela grande notícia do dia de ontem. O Estádio da Luz vai ser o palco da final da Liga dos Campeões em 2014. E isso, ao contrário da vitória na meia-final da Taça da Liga, é motivo de orgulho. A nossa casa (sim, sem aspas), ficará imortalizada na galeria dos estádios que foram palcos da final da mais importante competição de clubes do planeta. Uma honra.

Sobre o jogo da noite passada, fica o prazer de ganhar. Primeiro e mais importante, o prazer de ganhar uma meia-final de uma competição que, não sendo uma prioridade, é sempre melhor estar na sua decisão do que não estar. Segundo, o prazer de ganhar a um rival e afastar alguns "fantasmas" que pairavam, nomeadamente, nos jogos em casa com aqueles senhores. Murphy e a sua lei ainda fizeram a sua aparição na primeira parte (o primeiro golo do Porto e as três bolas nos ferros são sinais bem evidentes da sua presença ) mas felizmente desapareceram na segunda. Vitória justa.

A "conversa da treta", foi um constante antes e após o jogo de ontem. Antes do jogo, para os senhores de azul, o jogo não era importante e o grande objectivo seria o campeonato. Nada contra. Servia para eles e servia para o Benfica. Agora dizer-se que é indiferente ganhar ou perder, é que é "conversa da treta" da mais pura (sim, sr. Miguel Guedes). A fúria patenteada, tanto na conferência de imprensa de Vítor Pereira (rídiculo!) e na "fina" ironia do seu presidente, ao dizerem, cada um ao seu estilo, que o jogo foi ganho pelo Benfica devido a erros do árbitro, tem tanto de cómico, como de hipócrita, tendo em conta que, há uns dias atrás, saíram da Luz com uma vitória com um golo ilegal. E estes comentários, são só a prova que, afinal, o jogo era mesmo para ganhar, que chegar a uma final é sempre melhor do que não chegar, que ganhar a um rival é sempre saboroso e que, quando isso não acontece, causa sempre "mossa" na equipa que perde.

Parece que a Taça da Liga foi apelidada pelo presidente do rival, como a "taça deles". Por mim, nada contra. Repito que prefiro continuar a ganhá-la, do que o contrário. Isso não invalida que o Benfica  não tenha objectivos maiores e mais importantes. Aliás, um dos grandes problemas desta taça, é o Benfica ter três troféus e os nossos rivais, não terem nenhum. E isso tem servido para a desvalorizar. Da minha parte, pode continuar assim. Tenho, claramente, outras preferências se tivesse que escolher entre ganhar este troféu ou ganhar as outras competições em que o Benfica está envolvido. Mas se puder ganhar esta também, não me importo nada. Quem diz o contrário, é mentiroso e hipócrita.

terça-feira, 13 de março de 2012

A 12 de Março eu queria verdade

Há um ano atrás, eu fui um dos trezentos mil que desceram a Avenida da Liberdade. Os motivos (pelo menos, os meus e para mim) eram nobres. Mais do que discutir esta ou aquela medida, mais do que pôr em causa o governo que estava em funções, o que me levou ali era chamar à atenção, de uma forma veemente, pacífica e em massa, para a necessidade imperiosa da moralização da nossa classe política. Por uma classe política com sentido de Estado, com ética e fora dos lobbies partidários. Por novas formas de fazer política, em que o país está à frente das disputas partidárias. Por uma nova forma de fazer política, em que ganhar eleições não seja o objectivo final e único dos aparelhos partidários (aparelhos esses, carregados de "jotinhas" à procura de "tacho", sem o mínimo apelo pelo bem público). Por uma nova forma de fazer política, assente em ideias, que realmente tenham como intenção mudar o país para melhor. Pelo fim do "carneirismo" que existe nos tais aparelhos partidários, em que das duas uma: ou se segue a opinião vigente ou então os divergentes, são "excomungados" ou colocados na "prateleira". Foi por isto, essencialmente, que eu lá estive. Foi isto que eu interpretei que seria o motivo daquela manifestação. E, por isto, eu voltaria a marcar presença.

Recordo-me que fiquei orgulhoso e feliz por tamanha participação. Uma manifestação com trezentas mil pessoas em Portugal, não é uma manifestação de partidos de esquerda ou de direita. Tal dimensão só foi atingida, porque era, de facto, uma manifestação apartidária e com propósitos nobres que, acima de tudo, passavam por demonstrar que estávamos fartos dos aparelhos, dos "tachos" e do "joguinho" político do costume, enquanto o país já estava enterrado na lama.

Passado um ano e com pena minha, o movimento que deu azo a esta manifestação, tornou-se um braço da esquerda demagógica deste país. Não perceberam que trezentas mil pessoas numa manifestação, não congregavam somente apoiantes do PCP ou do Bloco de Esquerda, mas sim votantes de todos os partidos, votantes em branco, não votantes, anarquistas, monárquicos, etc. Não perceberam que, independentemente dos sacríficios que cada um terá que fazer e passar, o país tem que mudar. O mundo e o país, não são os mesmos de Abril de 1974. Acima de tudo, os trezentos mil (ou parte deles...) querem que os políticos digam a verdade. Mesmo que essa verdade não seja agradável de ouvir, em vez de dizerem mentiras "agradáveis" aos ouvidos, mas que no futuro terão custos irreparáveis para o país.

Foi pena que o embalo daquela manifestação não tenha sido aproveitado de uma forma positiva e não demagógica. Continua a haver necessidade (a mesma que havia o ano passado) de demonstrar a quem governa e a quem faz oposição, que não há lugar para mentiras, demagogias e tácticas partidárias, baseadas na "filha da putisse" do poder pelo poder.

Eu não estive lá para que me dissessem que o caminho era fácil. Estive lá para que me dissessem a verdade. E a verdade, é que o paradigma mudou, o mundo mudou e o país também vai ter que mudar, independentemente da forma de o fazer e do caminho para lá chegar. Não nascem as mesmas pessoas que nasciam em 1974. Existem mais idosos. A nossa Segurança Social está falida. O país tem que preparar o futuro. Quem não quer ver isto, está a ser igual a quem, supostamente, combate. Está, simplesmente, a ser demagógico, mentiroso e irresponsável. Se queremos ser governados com responsabilidade, temos nós mesmos que ser responsáveis. A propósito, já viram o resultado do referendo na Suiça, em que questionava o alargamento das férias de 4 para 6 semanas? Pois é, os suiços recusaram o alargamento. Não será um bom exemplo de responsabilidade?

Tenho muito respeito e orgulho pela revolução de Abril. A maior homenagem que podemos fazer a quem a fez e a quem, posteriormente, a consolidou e a tornou, efectivamente, uma revolução democrática, é continuarmos a ser participativos, exigentes e a pedir, única e exclusivamente, a verdade. Mesmo que a verdade tenha custos e seja dura. Sem verdade, não há qualquer possibilidade de existir uma verdadeira democracia. É nisto que eu acredito e foi por isto que, orgulhosamente, lá estive. Na avenida. A 12 de Março de 2011.

sábado, 3 de março de 2012

A Lei de Murphy em 40 minutos

- Minuto 52: Aimar sai lesionado. Primeira substituição forçada e Jesus escolhe Rodrigo para entrar. Com o resultado em 2-1 para o Benfica, não mandaria a prudência apostar no reforço do meio-campo, com a entrada de Matic?;

- Minuto 63: primeiro cartão amarelo a Emerson;

- Minuto 64: Gaitan perde a bola e, ingenuamente, não faz a chamada falta "inteligente" de modo a impedir o contra-ataque do adversário. Empate do Porto;

- Minuto 70: segunda substituição forçada no Benfica. Garay lesiona-se e entra Miguel Vítor;

- Minuto 77: Emerson, de forma pouco inteligente, comete falta sobre Hulk e é expulso. Benfica com menos um jogador e a constatação de mais um erro de Jesus. Se o lateral-esquerdo do Benfica, seria o jogador que mais vezes iria enfrentar um jogador chamado Hulk, não seria prudente ter Capdevila no banco, para prevenir uma eventual expulsão ou outra situação que pudesse ocorrer com Emerson?;

- Minuto 87: livre à entrada da área, Artur sai mal da baliza e Maicon, em posição de fora-de-jogo, faz o golo da vitória do Porto.

3ª feira há mais. Que se emendem os erros e que o Murphy desapareça.

Nota: não quero dar grande revelância aos erros do árbitro. Não sou perito em "arquivos". De qualquer modo, os "arautos" da verdade desportiva e os "coitadinhos" do costume que analisem as arbitragens que o Benfica teve nos últimos três jogos do campeonato.

Nota 2: festejar vitórias, eu entendo. Faz sentido. Festejar derrotas de outros, que nos possam beneficiar, também me parece legítimo. Festejar o desaire alheio sem retirar beneficio algum com isso, só demonstra pequenez, mediocridade, complexo de inferioridade e uma profunda falta de ambição. Quem o faz, é digno de pena. Nada mais.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Com mais 5 ou menos 5, confiança!

Não, não estou a dizer que não seria melhor entrar com 5 pontos de vantagem sobre o segundo classificado. Óbvio que o jogo seria encarado de outra forma e a margem de erro seria maior. Mas, sinceramente, não entro na depressão que assolou alguns depois dos desaires em Guimarães e Coimbra. Da mesma forma que não achava que o Benfica já seria campeão tendo os 5 pontos de avanço, também não acho que seja motivo, agora que estamos iguais (iguais amigos, iguais! Igual não significa atrás!) ao rival na pontuação, para pensarmos que está tudo perdido.

Continuo a achar, inequivocamente, que o Benfica, esta época, voltou a ser a melhor equipa portuguesa, com melhores jogadores e mais bem orientada. E como melhor equipa portuguesa que é, se houver humildade e em condições normais, o Benfica poderá ganhar o jogo de amanhã. E se não o ganhar, não me parece que seja decisivo. O Benfica perdeu 5 pontos em duas jornadas e o Porto também os pode perder.  É importante vencer, pois além da vantagem pontual, o confronto directo em caso de igualdade na classificação, torna os 3 pontos de vantagem, efectivamente, em 4. Além disso, não esqueço o Braga, que poderá alcançar quem perder o jogo de amanhã ou, em caso de empate, aproximar-se ainda mais do primeiro lugar.

Mas importante não significa decisivo. Nós temos jogos difíceis e os outros também. E nem sequer ponho aqui a questão do Benfica, caso passe o Zenit, estar na Liga dos Campeões. Isso é bom e não pode ser, nunca, visto com uma desvantagem. As grandes equipas têm que estar em todas as frentes e o Benfica se o é, não pode desculpar-se com essa questão.

Portanto, amanhã estarei na bancada Sagres com a confiança e a fé de sempre. E se ganhar, o prazer de vencer o rival, será também ele o de sempre, não querendo com isso dizer que o Benfica já será campeão. Ainda falta muito e tudo pode acontecer. Agora em depressões não entro, ainda mais, quando tenho para mim que o Benfica tem a melhor equipa portuguesa da actualidade.

A humildade é sempre boa conselheira. Mas confiança amigos benfiquistas, confiança!

O Cerco não continua. O Cerco é eterno.

O segundo álbum dos Xutos é, talvez, o melhor álbum da carreira da banda. Se não for o melhor, será certamente o mais emblemático. Para quem não sabe o motivo, basta transcrever o texto que se encontra no livro do disco original:

"Este disco tem o nome de "Cerco" porque todas as grandes editoras recusaram o trabalho nele contido. Foi, por isso, gravado com raiva e determinação em pouco mais de uma semana. É o primeiro disco gravado com o João e o Gui. Dedicado a todos os fãs que esgotaram os concertos do Rock Rendez Vous."

Pelos motivos acima mencionados, o Cerco assume uma importância fulcral naquilo que viria ser o futuro dos Xutos & Pontapés. Foi uma espécie de "vai ou racha" na carreira da banda, numa altura em que os Xutos já eram uma banda de enorme culto para muitos melómanos, principalmente, aqueles que frequentavam o mítico Rock Rendez Vous. Foi digamos que o preparativo para o que viria ser o reconhecimento nacional, atingido com Circo de Feras, 88 e Triplo Ao Vivo.

As músicas são, todas elas, grandes canções. Começando por "Barcos Gregos", acabando em "Sexo", está lá tudo o que viria ser a imagem de marca dos Xutos. Grandes canções, letras que o comum dos mortais se revê e grande atitude. Musicalmente falando, a entrada do saxofone de Gui e dos riffs da guitarra de João Cabeleira, são as peças que faltavam para compor aquele que viria ser o som com o "carimbo" Xutos. A própria maneira como o disco foi gravado (num curtíssimo espaço de tempo) e em condições que não eram as ideais, dá um toque muito particular ao som do disco original.

Agora com edição de O Cerco Continua, penso ser intenção da banda homenagear um álbum que foi fundamental no percurso dos Xutos e do próprio rock nacional (rio-me, quando se fazem listas de melhores álbuns do rock nacional e Cerco não é mencionado. Incoerências de senhoras e senhores "pseudo-indies", que não suportam bandas que conseguem atingir um sucesso e uma unanimidade enormes). Os Xutos fizeram uma revisão do disco, tocando as músicas da mesma forma que as mesmas são hoje apresentadas ao vivo, sendo que a gravação tem, obviamente, uma qualidade muito superior ao disco original. E isto não faz com que esta nova revisão, seja melhor que a gravação original. Faz, simplesmente, que seja diferente. Os Xutos são hoje uma banda consagrada e em que os seus elementos são, naturalmente, muito melhores musicos do que o eram em 1985. Por outro lado, na versão original, o que faltava em técnica, sobrava em atitude e é engraçado notar esta diferença ouvindo os dois discos.

Às músicas do original, acrescentaram ainda "Vossa Excelência", (uma versão dos Xutos para o original dos Titãs), "Tonto" (com Kalú na voz e com algumas diferenças para a versão original de Direito Ao Deserto), "Perfeito Vazio" e "Quem É Quem".

Foi bom voltar a ouvir este "novo" Cerco, agora revisto pelos Xutos actuais, necessariamente diferentes dos Xutos de Novembro de 85. Foi também bom, ter vontade de ouvir, de novo, o Cerco original, com um som menos bom, mas com uma atitude e, sobretudo com as canções, que foram a base do sucesso da maior banda de sempre do rock nacional. O Cerco é eterno.