quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Claques: A Conversa Do Costume

Depois do último derby e devido aos incidentes que se registaram, dentro e fora do estádio, mais uma vez, voltou à ordem do dia, a conversa sobre as claques, os seus propósitos, os seus excessos e a forma de os reprimir.

Na minha opinião, é mais do mesmo... Desde tenra idade que, cada vez que há um problema grave, devido a distúrbios provocados por claques, que vêm os do costume, com as soluções do costume, falar sobre o problema e, por outro lado, surgem os elementos das claques, também com os argumentos do costume, que passam, normalmente, pelo excesso de zelo da polícia ou o facto de, dizem eles, acompanharem a equipa para todo o lado, como se este facto, por si só, justificasse todas as suas acções, dando-lhe o direito de fazerem o que bem entenderem.

Devo dizer que, pessoalmente, nada me move contra claques. Já estive algumas vezes no meio de algumas (obviamente, nas claques do Benfica) e reconheço o mérito que têm no apoio e no colorido que dão a um estádio de futebol. Desde os cânticos, às fabulosas coreografias, etc, tudo isso é positivo e bonito de se ver. Além disto, conheço e sou amigo, de alguns membros de claques (do meu clube e dos rivais) e nada me move contra os mesmos. São pessoas normais, que vão para um estádio apoiar a sua equipa e, obviamente, fazer com que os os seus adversários, encontrem um ambiente difícil (insultos, assobios ou cânticos com provocações, fazem parte do ambiente de um estádio e não vem mal ao nenhum ao mundo por isso). Ou seja, são pessoas que amam o seu clube e que se limitam a apoiá-lo no seu estádio ou fora dele.

O que me insurge contra alguns membros destes grupos, são as intenções "extra" ao simples apoio aos seus clubes, que estes revelam. Por exemplo, claques que têm como membros (alguns deles, altos responsáveis das mesmas), pessoas ligadas à extrema-direita ou à extrema-esquerda e que utilizam estes grupos para divulgar e recrutar novos membros para as ideologias que defendem. É comum nos nossos estádios ver a cruz-celta, suásticas ou bandeiras de Cuba, a serem exibidas no meio destes grupos e não me parece que as mesmas tenham algum tipo de relação com algum clube português... Depois ainda temos aqueles, que marcam encontros com claques rivais para, única e exclusivamente, andarem à porrada. Além da extrema imbecilidade que este comportamento revela, isto é mais um dos típicos comportamentos de alguns membros destas organizações, que vem provar, que o suposto apoio ao seus clubes, não é mais que um mero pretexto para se dedicarem a outro tipo de actividades, que em nada têm a ver com esse suposto apoio. Por último (e deixei este exemplo para último, porque é o que mais nojo mete à minha pessoa), é a cobardia que alguns destes rapazes revelam, quando, indiscriminadamente, atacam em grupo, alguém, pelo simples facto deste, possuir algum objecto que o identifica com o clube rival. Já presenciei a isto, mais que uma vez (pais com filhos, a serem agredidos, só porque tinham um cachecol de outra cor... E, infelizmente, foi no estádio do meu clube...). É nojento, é cobarde e diz tudo acerca daqueles que o praticam.

O que me parece óbvio, é que os clubes e as direcçoes que os representam, têm uma enorme culpa no cartório. É sabido por todos, as estranhas ligações e a dependência que as direcções têm destes grupos organizados. Quer sejam para servir determinados interesses (ocultos), quer sejam por razões eleitorais. É comum (nomeadamente a norte...) certos elementos das claques, servirem de "escudo protector" a determinados dirigentes ou a servirem como meio intimidatório, para jogadores ou treinadores, de forma a que estes correspondam a determinados interesses (os tais ocultos...) dessas mesmas direcções. Por outro lado, é comum em altura de eleições nos clubes, vermos um dos candidatos a ser apoiado por gente ligada a estas organizações. Ainda recentemente, nas últimas eleições do Sporting, Bettencourt tinha ao seu lado durante a campanha eleitoral, elementos claramente identificados, com a principal claque de apoio leonina. Porquê? Obviamente, garantir uma parcela significativa de votos, de sócios ligados a estas claques. Como não há "almoços grátis" e como existem sempre contrapartidas envolvidas nestes "apoios", não é de admirar, vermos com regularidade nos nossos estádios, petardos, bolas de golfe, galinhas, etc. E não culpem a policía por isso...

No fundo, esta dependência dos clubes , aliada à imbecilidade e à estupidez mental, de alguns membros das claques (não todos, repito), são os principais culpados, na minha opinião, das tristes cenas, como aquelas que vimos na segunda-feira passada, em Alvalade. Não me parece razoável culpar policias, as revistas que são feitas (acham que a inofensiva galinha dos Super Dragões, entrou normalmente com um adepto e passou na revista?...), etc, enquanto as direcções dos nossos clubes, de uma forma mais ou menos pública, estão ligadas e se suportam nas claques. Enquanto existirem imbecis nos nossos estádios e gente com responsabilidade dependente deles, acontecimentos destes serão recorrentes.

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