A 12 de Março fui e iria novamente. Hoje não.
A diferença (que admito ser discutível) é que a 12 de Março a manifestação não tinha uma agenda política. Acima de tudo, segundo o que interpretei das intenções dos seus mentores, era uma manifestação que pedia credibilidade e, acima de tudo, verdade aos agentes politícos. Foi uma manifestação, onde a população de uma forma totalmente espontânea (talvez até ingénua), condenava uma certa foma de fazer politíca que tomou conta de todos os aparelhos partidários deste país e, ao mesmo tempo, condenava uma economia baseada em especulação e com uma falta de ética e escrúpulos, gritantes. Foi uma manifestação promovida por uma geração que se sente injustiçada por que aquilo que lhe prometeram e que não foi cumprido. Foi uma manifestação sem ideologias. Nem a esquerda, nem a direita deste país, põem nas ruas de Lisboa, 300 mil pessoas. Estavam lá todas as facções. Orgulho-me muito de ter lá estado e da minha geração ter sido o "motor" da mesma.
Hoje não fui. Pensei no assunto mas decidi não ir. Mesmo concordando com muitos pontos que hoje foram defendidos nas ruas, esta manifestação tinha uma agenda política clara. Isso não é censurável, de todo. De qualquer modo, neste momento, prefiro ter um Primeiro-Ministro que diga a verdade sobre o país, do que um que minta constantemente, como o anterior fazia. Sempre o disse e repito, que prefiro um candidato que em eleições, diga que vai aumentar impostos, se for isso que o país precisa, do que um que diga que tudo vai ser uma maravilha daí para frente. O candidato Passos Coelho, não referiu que estas medidas iriam ser tomadas caso fosse eleito. Aliás, até rejeitou algumas delas. É verdade. Isso é censurável? É, sem dúvida. Também mentiu? Mentiu. De qualquer modo, independentemente de eu concordar ou não com as medidas dramáticas que foram tomadas (e muitas delas, não concordo, de facto), não me parece que o Primeio-Ministro e os partidos que compõem a actual coligação governamental, ganhem algum tipo de popularidade com as mesmas. Daí, o meu benefício da dúvida, não pelas medidas em concreto que foram tomadas (repito, que não concordo com muitas ou quase todas), mas, no minímo, pela coragem em assumi-las.
Talvez por estas e outras razões, a manifestação de hoje, apesar de bastante considerável, não teve, nem de perto nem de longe, a participação fantástica, daquela que ocorreu a 12 de Março.
Não votei PSD, nem CDS e neste momento, nada me liga a partidos. De todo. São "máquinas", que no seu todo, funcionam com um único objectivo, que é o poder e isso enoja-me profundamente. Contudo, espero que num momento tão grave como o que vivemos, impere o sentido de Estado. Espero que, além de ir ao "bolso" das pessoas (uma inevitibilidade, tendo em conta a decadente situação do país), o governo, finalmente, apresente medidas de redução da despesa pública e aponte uma estratégia de crescimento económico sustentado para o país.
Não sei se estarei a ser ingénuo ou utópico, mas 4 meses de governo, ainda me merecem o benefício da dúvida. Acho, sinceramente, demagógico, culpar este governo pela situação terrível em que nos encontramos. Contudo, se o caminho continuar a ser o de ir ao "bolso" da população, sem que resultados positivos sejam alcançados, sem que nada seja feito para o Estado deixar de gastar mais do que aquilo que tem ou para que este país recupere economicamente e de uma forma sustentada, o meu benefício da dúvida irá acabar, certamente. E, aí sim, saírei á rua com os nobres propósitos de 12 de Março na mente, mas também com uma agenda política a defender. Temo, sinceramente, que seja isto que vai acontecer. A ver vamos.
P.S.: Também pertenço ao grupo que aguarda, impacientemente, pelo julgamento daqueles que fizeram negócios ruinosos para o Estado e que colocaram o país e a sua população, neste triste estado. É uma questão de ética e de decência.
sábado, 15 de outubro de 2011
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Anormais
Num país normal, quem ocultasse dívida pública, não iria a votos. Num país normal, o Presidente da República faria tudo o que estivesse ao seu alcance (mesmo que pouco ou nada possa fazer), para que tal não acontecesse. Num país normal o Primeiro-Ministro, seria ainda mais veemente nas críticas a quem oculta dívida pública.
Num país normal o PSD nacional, faria tudo o que fosse possivel (e eu não faço ideia o que poderia fazer) para que o senhor que ontem ganhou as eleições na Madeira, não fosse a votos com as cores do seu partido. Num país normal, o PSD que, por acaso, é um dos partidos da coligação governamental, teria, no mínimo, criticado de forma muito dura, a actuação do Governo Regional (Passos Coelhos, na minha opinião, foi só um "bocadinho" duro). Num país normal, o PSD nacional, não teria feito um discurso de vitória na noite de ontem (mesmo que a mesma tenha sido recebida, segundo os próprios, de uma forma "humilde"). Num país normal, seria assim que os partidos ganhariam credibilidade para governar e pedir sacríficios. Ontem foi desperdiçada uma grande oportunidade...
Num país normal, não seriam permitidas constantes irregularidades nos vários processos eleitorais de uma determinada região autónoma do país, ao longo de décadas. Num país normal, um processo eleitoral, com cerca de trinta queixas de irregularidades (e, ao que parece, até foi o ano em que houve menos...), não seria validado. Num país normal, o Presidente do Governo Regional da Madeira, não diria que se está nas tintas para a Comissão Nacional de Eleições, com uma impunidade total.
Mas, acima de tudo, num país dito normal, o povo teria derrotado nas urnas, quem o enganou, endividou e hipotecou o seu futuro.
Num país normal o PSD nacional, faria tudo o que fosse possivel (e eu não faço ideia o que poderia fazer) para que o senhor que ontem ganhou as eleições na Madeira, não fosse a votos com as cores do seu partido. Num país normal, o PSD que, por acaso, é um dos partidos da coligação governamental, teria, no mínimo, criticado de forma muito dura, a actuação do Governo Regional (Passos Coelhos, na minha opinião, foi só um "bocadinho" duro). Num país normal, o PSD nacional, não teria feito um discurso de vitória na noite de ontem (mesmo que a mesma tenha sido recebida, segundo os próprios, de uma forma "humilde"). Num país normal, seria assim que os partidos ganhariam credibilidade para governar e pedir sacríficios. Ontem foi desperdiçada uma grande oportunidade...
Num país normal, não seriam permitidas constantes irregularidades nos vários processos eleitorais de uma determinada região autónoma do país, ao longo de décadas. Num país normal, um processo eleitoral, com cerca de trinta queixas de irregularidades (e, ao que parece, até foi o ano em que houve menos...), não seria validado. Num país normal, o Presidente do Governo Regional da Madeira, não diria que se está nas tintas para a Comissão Nacional de Eleições, com uma impunidade total.
Mas, acima de tudo, num país dito normal, o povo teria derrotado nas urnas, quem o enganou, endividou e hipotecou o seu futuro.
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