O que é um ídolo? A resposta nunca será racional, mas será alguém que, numa dada altura das nossas vidas, nos marca de uma forma bastante forte numa determinada área , seja ela desportiva, politíca, cultural, etc.
Na minha infância e adolescência, os três maiores ídolos que tive foram João Vieira Pinto (um dia terei que fazer um texto sobre este senhor), os Xutos (a estes já dediquei longas prosas) e Joaquim Gomes (hoje é o dia dele).
Vem esta conversa a propósito da reportagem exibida pela SIC, no passado Sábado, na rubrica Perdidos e Achados, que tinha como figura principal, Joaquim Gomes. Ao saber através do Facebook, no próprio dia (ora aí está uma das principais utilidades da coisa), que a reportagem iria ser exibida durante a noite, fiz com que o aniversário em que iria participar, não impedisse a minha visualização da mesma.
E lá estava eu, ajoelhado em frente da televisão, tal e qual uma criança, a ver a reportagem e a recordar um ídolo. Chamem-me romântico, piegas, o que quiserem, mas ainda hoje, quando visualizo imagens do passado dos ídolos que acima referi (felizmente, no caso dos Xutos, as imagens continuam a ser renovadas), sinto um arrepio indescritível. É como se fosse a primeira vez que visse aquilo, quando na verdade, já vi aquelas imagens dezenas de vezes. No caso concreto de Joaquim Gomes, ver aquelas imagens do mesmo a subir montanhas, a ser incentivado pelo público ao longo da estrada e a dar espectáculo, é recordar os tempos em que aprendi a gostar de ciclismo. Era esperar por Agosto, para ver a nossa Volta. Era esperar por aquele momento sublime em que Gomes atacava ou dava um simples "esticão" no grupo dos melhores e fazia estragos. Para quem não goste de ciclismo, isto pode parecer estranho ou parvo, mas talvez quem gosta, consiga entender o que quero dizer.
Joaquim Gomes ganhou duas vezes a Volta a Portugal. Na primeira eu tinha 6 anos, na segunda eu tinha 10. Por influência familiar, foi nesta fase que começei a assistir a provas de ciclismo na TV, nomeadamente a Volta a Portugal. Contudo, apesar da influência que as vitórias na geral de Gomes tenham tido no meu "fascinío"pelo ciclista lisboeta (no fundo, foi o primeiro ciclista que ouvi falar), o que ao longo dos anos em que correu fez com que eu o admirasse tanto, era exactamente, a forma como Joaquim Gomes encarava as corridas. "O importante para mim, não é saber se vou ganhar a Volta ou se não vou ganhar a Volta. Importante para mim, é saber se vou discutir a Volta a Portugal e se estou em condições de proporcionar um bom espectáculo". As palavras são do próprio Joaquim Gomes e definem da melhor maneira, o meu gosto pela forma de correr dele. Depois de 1993, Gomes nunca mais ganhou a Volta, mas estava sempre lá no momento das decisões. A atacar, a "puxar" pela corrida nas montanhas (muitas vezes em prejuízo próprio...), a dar o "esticão" que só os melhores conseguiam acompanhar. Sem se esconder, sem tácticas de andar na roda deste ou daquele, a assumir-se sempre como favorito e, normalmente, mesmo nos anos que se seguiram às suas vitórias na Volta, a ser o melhor português na competição, batendo-se com os melhores estrangeiros na alta montanha como poucos, ou mesmo, nenhum português o fazia.
Recordo uma etapa, já no final da carreira de Gomes, no ano em que o suiço Fabian Jeker venceu a Volta (2001). Era uma crono-escalada na Serra da Estrela, ganha pelo ciclista suiço (que era um especialista de contra-relógio, de nível internacional). Foi fantástica a subida de Gomes. Só mesmo Jeker, conseguiu bater o tempo de Gomes (que, repito, já estava no ocaso da carreira), mas este provou uma vez mais, que foi, sem dúvida, o melhor trepador português da sua geração e que, mesmo nas gerações que se seguiram, é difícil encontrar alguém com tamanha regularidade em alta montanha.
Ainda hoje, nas minhas voltinhas da "treta", quando estou numa subida mais difícil para mim, recordo Joaquim Gomes. É como se fosse uma inspiração, que me ajuda a superar as dificuldades e que até, por momentos, faz-me sentir um ciclista a sério. Parece-me a mim, que é este o maior "título" que um desportista pode alcançar: marcar alguém. Joaquim Gomes conseguiu.
http://sic.sapo.pt/programasInformacao/scripts/videoplayer.aspx?ch=perdidos+e+achados&videoId=%7BE28EC2CF-52AE-42F1-8FEC-4D7D86608E95%7D
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
domingo, 7 de novembro de 2010
Invenções/Falta De Atitude
Não posso ser hipócrita. O Porto é claramente melhor que o Benfica, este ano. O Benfica é claramente inferior ao Benfica do ano passado. Hulk é, sem dúvida, o melhor jogador do campeonato português e o homem que faz a diferença. O Benfica não conseguiu substituir as saídas de Di Maria e Ramires e teve, na minha opinião, uma má estratégia de aquisições para esta época. Mas tudo isto, não justifica 5-0. Pior que os 5-0, é eu ter a clara sensação que o resultado é justo, até nos números... No fundo, uma humilhação das grandes.
Porquê inventar? Porquê David Luiz à esquerda? Não chegou a lição da época transacta em Liverpool? Não sou treinador, nem nunca joguei futebol a nível oficial, mas parece-me óbvio que uma equipa (ainda mais uma equipa de grande dimensão), deve preocupar-se, acima de tudo, consigo própria e não com a equipa contrária. Uma equipa tem um modelo de jogo, tem uma equipa base e é assim que deve entrar em campo. Um treinador que monta uma equipa a pensar mais no adversário do que nos princípios de jogo da sua equipa, normalmente perde. Hoje não foi excepção.
Mas talvez nesta altura, mais do que olhar para este jogo e para os erros cometidos pelo treinador e jogadores, deve-se olhar para aquilo que tem sido a época do Benfica. É bem visível que, acima de tudo, a atitude não é a mesma. Não sei os motivos, nem gosto de especular (apesar de já terem surgido algumas notícias a explicar de alguma forma este facto...), mas sei que alguns jogadores e até mesmo o treinador, não têm a mesma atitude guerreira do ano passado. A própria direcção não ajuda, com apelos rídiculos, a não comparência de adeptos nos campos adversários.
Que fique claro, que sou um admirador de Jorge Jesus e que a ele se deve, em larga medida, o brilhante campeonato ganho pelo meu clube no ano transacto. Mas há opções que eu não entendo. Há dois jogos que estão atravessados na minha garganta, com Jesus ao leme da nau benfiquista. O jogo de hoje e o jogo de Liverpool na época transacta (ninguém me tira da cabeça que ao ganhar esse jogo, o Benfica ganharia a Liga Europa). O motivo? O mesmo, ou seja, a descaracterização do futebol do Benfica em função dos jogadores da equipa adversária. Os resultados falam por si. 4-1 e 5-0...
Enfim... Estou só a desabafar. Estou triste e desolado e não entendo o porquê de gente muito experiente nas coisas da bola, ter opções, que qualquer "treinador de bancada" sabe que, normalmente, correm mal. Mais do que isso ( e talvez o motivo principal), é ver jogadores a envergarem a camisola do meu clube descontentes. Querer ganhar mais dinheiro, é humano. Todos querem e eu também. Mas quem entra em campo a representar um clube, não pode mudar a sua atitude devido a esse facto. Talvez seja conversa de adepto ou, se quiserem, apelidem-me de romântico, mas não admito falta de profissionalismo (é disto que falo. Não preciso, nem aprecio, jogadores que beijam o símbolo...) quando se entra em campo a defender uma instituição tão grande como o Benfica.
Como disse em cima, é um desabafo. O próprio texto reflecte isso, na forma pouco cuidada como está elaborado. Mas é assim que me sinto neste momento... De qualquer forma, sabendo que é uma frase feita e dita vezes sem conta por muitos, sou demasiado fíel para desistir. Que os que vestem a camisola, sejam também...
Porquê inventar? Porquê David Luiz à esquerda? Não chegou a lição da época transacta em Liverpool? Não sou treinador, nem nunca joguei futebol a nível oficial, mas parece-me óbvio que uma equipa (ainda mais uma equipa de grande dimensão), deve preocupar-se, acima de tudo, consigo própria e não com a equipa contrária. Uma equipa tem um modelo de jogo, tem uma equipa base e é assim que deve entrar em campo. Um treinador que monta uma equipa a pensar mais no adversário do que nos princípios de jogo da sua equipa, normalmente perde. Hoje não foi excepção.
Mas talvez nesta altura, mais do que olhar para este jogo e para os erros cometidos pelo treinador e jogadores, deve-se olhar para aquilo que tem sido a época do Benfica. É bem visível que, acima de tudo, a atitude não é a mesma. Não sei os motivos, nem gosto de especular (apesar de já terem surgido algumas notícias a explicar de alguma forma este facto...), mas sei que alguns jogadores e até mesmo o treinador, não têm a mesma atitude guerreira do ano passado. A própria direcção não ajuda, com apelos rídiculos, a não comparência de adeptos nos campos adversários.
Que fique claro, que sou um admirador de Jorge Jesus e que a ele se deve, em larga medida, o brilhante campeonato ganho pelo meu clube no ano transacto. Mas há opções que eu não entendo. Há dois jogos que estão atravessados na minha garganta, com Jesus ao leme da nau benfiquista. O jogo de hoje e o jogo de Liverpool na época transacta (ninguém me tira da cabeça que ao ganhar esse jogo, o Benfica ganharia a Liga Europa). O motivo? O mesmo, ou seja, a descaracterização do futebol do Benfica em função dos jogadores da equipa adversária. Os resultados falam por si. 4-1 e 5-0...
Enfim... Estou só a desabafar. Estou triste e desolado e não entendo o porquê de gente muito experiente nas coisas da bola, ter opções, que qualquer "treinador de bancada" sabe que, normalmente, correm mal. Mais do que isso ( e talvez o motivo principal), é ver jogadores a envergarem a camisola do meu clube descontentes. Querer ganhar mais dinheiro, é humano. Todos querem e eu também. Mas quem entra em campo a representar um clube, não pode mudar a sua atitude devido a esse facto. Talvez seja conversa de adepto ou, se quiserem, apelidem-me de romântico, mas não admito falta de profissionalismo (é disto que falo. Não preciso, nem aprecio, jogadores que beijam o símbolo...) quando se entra em campo a defender uma instituição tão grande como o Benfica.
Como disse em cima, é um desabafo. O próprio texto reflecte isso, na forma pouco cuidada como está elaborado. Mas é assim que me sinto neste momento... De qualquer forma, sabendo que é uma frase feita e dita vezes sem conta por muitos, sou demasiado fíel para desistir. Que os que vestem a camisola, sejam também...
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