segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Desonestidade intelectual criminosa - Parte II

Acabadinho de ver o filme sobre Aristides de Sousa Mendes, dei comigo a pensar em certas comparações que por aí se fazem, mais concretamente, naquelas que vou lendo e vendo nas redes sociais e em algumas manifestações, em que Angela Merkel é comparada a Hitler. Quem o faz, ou sabe pouco de história e não sabe quem Hitler foi, ou então é, simplesmente, estúpido e atrasado mental.

Independentemente de não concordarmos com as políticas que estão a ser seguidas para combater a crise das dívidas soberanas (e eu sou um dos que não concordam), não me parece que Angela Merkel, tenha como objectivo final, provar a superioridade da raça ariana, nem sequer o extermínio de uma outra qualquer raça, etnia ou crença religiosa. Não me parece também que a Alemanha, tenha em funcionamento algum campo de concentração e também não tenho a informação, que Merkel esteja a planear invadir alguma nação europeia. Mais ainda, apesar de tudo o que vai mal nesta pseudo união europeia, não me parece que seja comparável o actual estado da Europa, com aquele que se vivia durante a Segunda Guerra Mundial.

Às vezes, antes de abrirmos a boca, teclarmos num computador ou, simplesmente, escrevermos num papel ou numa parede, convinha pensarmos duas vezes. Achar que Angela Merkel, por si só, é culpada por aquilo que agora vivemos, já de si é parvo. Além da "filha da putisse" das agências de rating e das "Goldman Sachs" deste mundo, além daqueles que andam a ganhar dinheiro com a desgraça dos outros, além desta pseudo união europeia e monetária, com regras diferentes aqui e ali, os principais culpados nasceram cá. Uns ainda cá estão e outros emigraram... Mas têm todos bilhete de identidade português. Aliás, nós cidadãos que votamos, também somos responsáveis, por termos estarmos tanto tempo desatentos e só agora que nos foram ao bolso, é que acordamos para a vida política. E mesmo que aceite, que Angela Merkel, sendo uma das principais defensoras das actuais políticas de combate à crise, tenha grande culpa no cartório pelo fraquíssimo resultado das mesmas, compará-la a Hitler é infame, criminoso e insultuoso para aqueles que viveram na pele um dos mais negros períodos da nossa história.

Hitler foi um assassino, um tirano e um tarado que quis exterminar raças e dominar o mundo. Quem tem dúvidas, que pergunte a um judeu ou a alguém de um país invadido pelos Nazis, se acha Hitler e Merkel figuras comparáveis. Ou então, leiam um pouco sobre esse período da história. Ou então, simplesmente, deixem de ser parvos e estúpidos.

Desonestidade intelectual criminosa: Parte I

Partir para a análise dos acontecimentos de quarta-feira passada, sem assumir como ponto de partida, que houve um grupo de pessoas que agrediram a polícia durante mais de uma hora, é desonestidade pura.

Uma polícia que é agredida durante mais de uma hora, que aguarda pacientemente e que avisa a população, minutos antes, que vai efectuar uma carga policial, não me parece que seja alvo de condenação. Quem estava na frente da manifestação à atirar pedras, certamente, ouviu o tal aviso e aqueles que, supostamente, não ouviram, tenho a certeza que sabiam o que se passava na frente da manifestação e sabiam que a polícia não poderia ter contemplações com aquilo que se estava a passar.

Critiquem o facto dos detidos não terem tido logo direito a advogados. Critiquem o que quiserem. Mas afirmarem que aquela carga policial não se justificava, é mais do que ridículo. Tão ou mais ridículo, é a insinuação sem provas que seria a própria polícia a provocar os desacatos (não, aquelas fotos que tenho visto no Facebook, com imagens de supostos polícias encapuzados e que estariam, também supostamente, a atirar pedras, não provam rigorosamente nada), da mesma forma que me parece injusto acusar a CGTP de ter incitado ou provocado aquela situação. A CGTP convocou uma greve e uma manifestação que, concorde-se ou não, são legítimas e teve o cuidado de demarcar-se, totalmente, das cenas de violência que se passaram já após o fim da manifestação. Aliás, certamente, que aquela violência toda, só teve o efeito de tirar do espaço mediático a greve e os efeitos da mesma. A notícia passou a ser os confrontos em frente à Assembleia da República e isso, certamente, não foi algo que beneficiasse os propósitos da CGTP.

Todos têm o direito a manifestar-se. Todos têm o direito a fazer greve ( e, já agora, a não fazê-la). Ninguém tem o direito de atacar a polícia. Confesso, se há algo que condeno na actuação da polícia naquela situação, apesar de entender os motivos, foi o tempo que esta demorou a reagir às pedras, aos petardos, às tochas e até aos sinais de trânsito com que foi atacada. Por mim, teria sido bem mais cedo.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Assustado

Assusta-me que alguém como Seguro possa a chegar a Primeiro-Ministro do meu país. Assusta-me tanto, como me assustou Passos Coelho ter chegado ao poder, tendo como "braço-direito" alguém como Miguel Relvas (incrível como alguém que já foi mais que desmascarado, continua em funções no governo. Por aqui se vê a "força" que ele tem no actual PSD...).

Mas voltando a Seguro, assusta-me que alguém com tão pouco carisma e ideias próprias, possa chegar a chefe de governo. Assusta-me que alguém que ande a reboque das cisões no próprio partido e dos seus "clãs" (nomeadamente, o fortíssimo "clã Socratista"), possa governar o meu país.

Assusta-me mais do que tudo, a terrível classe política que temos na actualidade. Incapaz de criar consensos. Incapaz de pôr o interesse do Estado à frente das suas "clientelas". Assusta-me ver um debate como o do Prós e Contras na passada segunda-feira e ficar com a ideia que assisti a um debate de "surdos",  de gente que não consegue libertar-se dos seus interesses e olhar para os problemas do país e discutir verdadeiramente o que interessa.

É o que temos. E o que temos é muito mau. O nosso país é um verdadeiro susto.