terça-feira, 9 de outubro de 2012

Uma mentira dita muitas vezes, não tem que se tornar uma verdade

Para aqueles que acham que o Estado Novo perpetuou o "F" relativo ao futebol e, sobretudo, para aqueles que devido a um complexo de inferioridade histórico , que se desenvolveu e sobreviveu até aos dias de hoje, continuam a afirmar com a maior das certezas, que o Benfica era o clube preferido do antigo regime, talvez faça sentido recomendar-lhes a leitura de "O Jogo de Salazar - A Política e o Futebol no Estado Novo" de Ricardo Serrado.

Admitindo que poderão existir outros trabalhos com outros argumentos credíveis, os episódio descritos neste livro evidenciam, primeiro que tudo, que a relação do Estado Novo com o futebol, de pacífica teve muito pouco e que este sempre foi visto pelo regime como um fenómeno de massas que seria necessário abater e que o seu profissionalismo seria de todo evitável (aliás, seguindo a visão que o regime tinha para todos os desportos, a qual nenhum desporto deveria fomentar a competição, mas sim o convívio e a actividade física). A crescente e incontrolável popularidade do futebol, é que se impôs perante o regime, fazendo com que este o tivesse que controlar e regulamentar.

A outra curiosidade do livro, é o de pôr em causa o "mito" que o Benfica seria o clube mais apoiado pelo regime. Ao lermos este trabalho, temos uma ideia em que clubes estavam os homens do regime (há um clube que se destaca por ter mais e os mais importantes...) e da oposição ao mesmo, assim como os clubes que maior ajuda tiveram do Estado Novo. A título de exemplo, a descrição das inaugurações dos principais estádios portugueses na década de 50 com os seus festejos, figuras presentes e discursos proferidos, podem dar-nos pistas mais credíveis e válidas para se fazerem ou não, determinadas afirmações que se tornaram verdades absolutas.

Se a temática vos interessa, leiam e tirem as vossas conclusões. Sem clubismos e, muito menos, sem complexos de inferioridade.


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