quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O "3+1+50" para memória futura

"O Benfica tem hoje um projecto que é 3+1+50, nos próximos quatro anos. Tem de ganhar três campeonatos nacionais, ir a uma final europeia e ganhar 50 campeonatos nas modalidades."

Luís Filipe Viera em entrevista a A Bola TV a 24 de Outubro de 2012.

Esta frase deverá ser guardada por todos os sócios do Benfica, apoiantes ou não do actual presidente. Se possível fosse, deveria ser afixada em todas as portas do nosso estádio (pavilhões incluídos), durante os próximos quatro anos.

Amanhã, o meu voto será em branco. Não esquecendo os méritos da actual gestão (recuperação financeira, novo estádio e o retirar do Benfica da "lama" desportiva), penso que em nove anos, já seria tempo suficiente do Benfica ter voltado, pelo menos, a aproximar-se do Porto ao nível de campeonatos ganhos e taças (dois campeonatos, uma Taça de Portugal, uma Supertaça e quatro Taças da Liga  são o saldo futebolístico da era Vieira). Tal não aconteceu e, sinceramente (sendo este um argumento menos válido do ponto de vista prático), gostaria de ver à frente do Benfica pessoas com outro tipo de personalidade do que aquelas que neste momento por lá andam (o próprio Vieira ou Rui Gomes da Silva) e do que algumas que por lá vão andar (José Eduardo Moniz, por exemplo, que há uns tempos atrás era o rosto mais visível da oposição e que agora é o nome mais sonante da candidatura de Vieira. Será que esta "coligação" vai correr bem?). Do outro lado, a alternativa também não me parece melhor e, salvo melhor opinião, parece-me mais um grupo de "paraquedistas" (alguns deles pertencentes à direcção que mais envergonhou o nosso clube, além do apoio do "artista" José Veiga), nos quais não vejo uma ideia ou um verdadeiro projecto para o Benfica. Pelo contrário, a argumentação é demagógica e passa, acima de tudo, por acusações à actual direcção e pouco mais.

Como provavelmente, o autor da frase acima transcrita irá renovar o seu mandato, parece-me importante que esta seja a frase referência para os próximos quatro anos. E até lhe dou alguma margem de erro. Nem vou exigir que a mesma se cumpra na totalidade. Se andar lá perto, já serei um benfiquista feliz. Mas não me vou esquecer da frase e aconselho todos os sócios do Benfica a fazerem o mesmo. O que se diz em eleições, não pode cair em saco roto (para isso, já nos bastam as eleições legislativas...). Daqui a quatro anos cá estaremos para analisar o "3+1+50".






quarta-feira, 10 de outubro de 2012

As Casas do Benfica são do Benfica

Ouvi por aí hoje (Antena 1, para ser mais concreto) que as Casas do Benfica, por unanimidade, irão apoiar a recandidatura de Luís Filipe Vieira a novo mandato.

Pois bem, não quero vir para aqui discutir candidaturas (ou possíveis candidaturas...) ou méritos (são alguns) e deméritos (que são outros tantos) da actual direcção. O que me parece errado, é que as Casas do Benfica tenham que apoiar ou não, quem quer seja.

A função das Casas do Benfica é a de promover o debate de ideias entre as candidaturas que possam surgir e o de esclarecer os sócios que estejam interessados em participar na votação. Nada mais. Parece-me que até do ponto de vista ético e da verdade democrática, um dos candidatos ter o apoio institucional das diversas delegações do Benfica espalhadas pelo país e pelo Mundo, deixa muito a desejar.

O Benfica é um clube democrático. A nossa história, mesmo em momentos de ditadura no país, deu verdadeiras lições de democracia a outros. Isso orgulha-me. Não destruam essa tradição. O Benfica é, orgulhosamente, o clube do povo. Deixemos então o povo votar conscientemente. As Casas do Benfica são do clube. Não são do Vieira ou de outro qualquer.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Uma mentira dita muitas vezes, não tem que se tornar uma verdade

Para aqueles que acham que o Estado Novo perpetuou o "F" relativo ao futebol e, sobretudo, para aqueles que devido a um complexo de inferioridade histórico , que se desenvolveu e sobreviveu até aos dias de hoje, continuam a afirmar com a maior das certezas, que o Benfica era o clube preferido do antigo regime, talvez faça sentido recomendar-lhes a leitura de "O Jogo de Salazar - A Política e o Futebol no Estado Novo" de Ricardo Serrado.

Admitindo que poderão existir outros trabalhos com outros argumentos credíveis, os episódio descritos neste livro evidenciam, primeiro que tudo, que a relação do Estado Novo com o futebol, de pacífica teve muito pouco e que este sempre foi visto pelo regime como um fenómeno de massas que seria necessário abater e que o seu profissionalismo seria de todo evitável (aliás, seguindo a visão que o regime tinha para todos os desportos, a qual nenhum desporto deveria fomentar a competição, mas sim o convívio e a actividade física). A crescente e incontrolável popularidade do futebol, é que se impôs perante o regime, fazendo com que este o tivesse que controlar e regulamentar.

A outra curiosidade do livro, é o de pôr em causa o "mito" que o Benfica seria o clube mais apoiado pelo regime. Ao lermos este trabalho, temos uma ideia em que clubes estavam os homens do regime (há um clube que se destaca por ter mais e os mais importantes...) e da oposição ao mesmo, assim como os clubes que maior ajuda tiveram do Estado Novo. A título de exemplo, a descrição das inaugurações dos principais estádios portugueses na década de 50 com os seus festejos, figuras presentes e discursos proferidos, podem dar-nos pistas mais credíveis e válidas para se fazerem ou não, determinadas afirmações que se tornaram verdades absolutas.

Se a temática vos interessa, leiam e tirem as vossas conclusões. Sem clubismos e, muito menos, sem complexos de inferioridade.