sábado, 15 de setembro de 2012

Coisas que não se compreendem e outras que não se podem ignorar



Nenhum economista consegue explicar-me, como se consegue baixar o desemprego, aumentando o custo de vida das pessoas. Nenhum economista consegue explicar-me que, baixando a TSU para as empresas, estas irão, patrioticamente, começar a empregar pessoas só porque conseguem poupar mais uns euros com a baixa desta taxa. Nenhum economista consegue explicar-me, que as empresas vão começar a empregar pessoas (com excepção da pequena percentagem de empresas exportadoras do nosso tecido empresarial), mesmo que o consumo diminua e a sua necessidade de produzir/vender baixe drasticamente. Nenhum economista consegue explicar-me como se põe uma economia a funcionar, pondo austeridade em cima de austeridade.

Do mesmo modo, duvido que haja algum especialista em ciência política que consiga convencer-me que as impressionantes manifestações de hoje, não sirvam para nada e que não tenham qualquer tipo de significado político. Concordo que no meio de tanta gente, de tantas ideologias e de diversos quadrantes políticos (não, não eram só os eleitores do PC, do BE ou do PS que lá estavam. Estavam lá também os do PSD, os do CDS e aqueles que nos últimos anos têm votado em branco ou, simplesmente, aqueles que há muito não votam), seja difícil extrair uma ideia única e consensual. Mas, certamente, há algo que é indiscutível. Grande parte deste país, está zangado e é contra as últimas medidas apresentadas pelo governo. Negar isto, só demonstra cegueira, arrogância e falta de seriedade política.

Este governo teve condições e espaço de manobra que, pessoalmente, confesso não acreditei que fosse possível ter. Até à última 6ª feira, o principal partido da coligação, liderava as sondagens, mesmo depois de já terem sido impostas medidas de austeridade severas. Até à última 6ª feira, a população (ou parte dela) compreendia e acreditava que aquelas medidas tinham um propósito e um fim. Depois de 6ª feira, a margem de manobra terminou e o benefício da dúvida também. Há coisas que não se entendem e quando nem os especialistas, de uma forma consensual, conseguem ver lógica em certas medidas, fica difícil que o povo as entenda. Sejam humildes e reconheçam que foram longe demais. Antes que seja tarde...




segunda-feira, 3 de setembro de 2012

It's only rock n' roll

É, provavelmente, o título mais utilizado em textos que refiram algo sobre os Rolling Stones. De qualquer modo, é o que vem logo à cabeça, nomeadamente, quando acabamos de ler a biografia de Keith Richards.

Não, não vou armar-me em crítico literário (nem disso, nem de nada). É só uma breve nota. A biografia de Keith Richards, "Life", foi, certamente, das coisas que mais prazer me deu a ler, até hoje (não, também não estou a armar-me em gajo que lê muitos livros, pois não é, de todo, verdade).

O discurso na primeira pessoa e a forma como o mesmo é escrito, "transpiram" uma tal honestidade, que é como se tivessemos o próprio Richards à nossa frente, com um copo na mão e um cigarro na boca, a contar-nos todas aquelas histórias fantásticas, mirabolantes e cheias de rock n´roll.

Já o tenho dito algumas vezes e vou repeti-lo: se quiserem um dia definir o que é o verdadeiro rock n' roll, tanto musicalmente, como no espírito, bastará colocarem uma imagem de Keith Richards. Ela, por si só, dirá tudo.